Por bferreira

Rio - O secretário de Esporte, Lazer e Juventude Rio, Marco Antonio Cabral, aposta no futebol para tentar melhorar a relação entre policiais de UPPs e comunidades. Ele quer criar, ainda neste ano, a Copa UPP, com times formados por PMs e moradores de 23 localidades. Em entrevista ao DIA, ele falou sobre os primeiros meses de trabalho, além do ônus e do bônus de ser filho do ex-governador Sérgio Cabral. A um ano da Olimpíada, anunciou que o Célio de Barros, principal estádio de atletismo do estado, só reabrirá depois de 2016. Depois de ter feito campanha para o tucano Aécio Neves nas eleições de 2014, e passado a virada de ano com o ex-presidente Lula, Marco Antonio é pragmático: “Política se responde com política.”

Marco Antonio CabralBruno de Lima / Agência O Dia

O DIA: Quando o governador Luiz Fernando Pezão o anunciou como secretário, muita gente chamou atenção à sua idade, 23 anos, e ao sobrenome famoso. Como o senhor responde a isso ?

MARCO: A idade é um fator que certamente quem não te conhece olha de fora e tem desconfiança. Quando fui tomar posse como deputado federal, já conhecia vários deputados. O fato de ser filho do ex-governador coloca mais responsabilidade sobre o trabalho.

Em quatro meses de trabalho, já foi possível imprimir uma “cara” à secretaria, mesmo em tempos de crise financeira do estado?

Aos poucos o governador vai liberar a parte contingenciada do orçamento, e pagar os atrasados. Estamos criando um comitê consultivo para o esporte no Rio, que vai funcionar como uma espécie de conselho. O iatista Lars Grael e o técnico de vôlei Bernardinho irão participar do grupo. Quero estar próximo aos secretários de esportes municipais; já fizemos um fórum. Em breve o governador enviará um projeto de lei para Assembleia Legislativa do Rio para facilitar a captação de recursos para esportes nas cidades de menos de 60 mil habitantes. A ideia é que as empresas tenham isenção total de impostos para investir em atividades esportivas no interior.

O DIA noticiou o fechamento de 11 Centros de Referência para Juventude em comunidades no começo do ano, pouco depois da sua posse. Qual a situação deles hoje?

Hoje, a secretaria tem oito centros, e cinco deles estão reabertos. O funcionamento deles ainda está precário. Foram reabertas as unidades de Jacarezinho, Cidade de Deus, Complexo do Alemão, Manguinhos e Duque de Caxias. Vamos fazer contratações emergenciais por três meses para funções de administração e limpeza. Eles não podem trabalhar voluntariamente. Depois abriremos licitação para o serviço direto. Nomeamos um coordenador e um assistente em cada centro. Niterói, Paciência e Silva Jardim continuam fechados.

Reclama-se muito da falta do braço social nas comunidades que contam com UPPs. Como a Secretaria de Esporte pode atuar nesse sentido?

Até mais do que o social, precisa de uma integração maior da polícia com a população. Tenho a ideia de criar, no segundo semestre deste ano, a Copa UPP. Quero colocar policiais e moradores num mesmo time de futebol. A faixa etária seria entre 18 e 29 anos, com recursos vindos da Lei de Incentivo ao Esporte. Pezão está entusiasmado com a ideia. Nós queremos fazer esse trabalho.

Em algumas comunidades isso seria difícil. No Alemão, por exemplo, após a morte do menino Eduardo Ferreira, a relação entre PMs e moradores não é das melhores.

Existem UPPs mais conflituosas. Talvez em algumas não seja possível. Mas no Santa Marta, no Batan, no Turano, por exemplo, daria para fazer. E no ano que vem, já vou querer fazer masculino e feminino, com vôlei, basquete e handebol. Nada integra mais que um esporte coletivo.

Existe o boato que o Maracanã irá fechar mais uma vez para obras, desta vez por conta da Olimpíada.

Por enquanto, não existe isso. Seria pelo aumento da abertura no acesso ao gramado, não é? Agora cabe ao Pezão junto ao Comitê Olímpico Internacional decidir de quem será a conta se essa obra realmente for feita.

Falta pouco tempo para os Jogos Olímpicos e o principal estádio de atletismo do estado segue fechado. Qual futuro do Célio de Barros?

Até 2016, ele não reabre. Até 2018, sim. O COI requereu o espaço do estádio como área de circulação durante a Olimpíada. Se o Consórcio que atualmente administra o Maracanã não cumprir sua obrigação contratual de reformá-lo, o estado irá licitá-lo.

Essa questão do Célio de Barros se arrasta desde 2013, quando seu pai desistiu da demolição do estádio e do Júlio Delamare, época das manifestações de junho. Por que tanta demora para resolver esse impasse?

Faltou comunicação. O Célio de Barros seria demolido e reconstruído ali perto. No lugar dele, funcionaria um complexo de entretenimento do Maracanã. Há um aditivo no contrato de concessão, mas o Consórcio não perdeu a obrigação de reconstruir o estádio. O contrato entre o governo e as empresas não foi redimensionado em valores, mas sim teve seu ritmo alterado.

O que será feito do estádio Caio Martins, em Niterói?

Em até três meses teremos uma licitação para recuperar o Caio Martins e transformá-lo na arena que Niterói merece. Estamos junto com a prefeitura. É importante também destacar que outras pistas de atletismo estão sendo recuperadas em todo o estado.

No ano passado, o senhor fez campanha para o presidenciável tucano Aécio Neves. Mas logo no começo do ano postou foto com o ex-presidente Lula.

Quando o PT anunciou candidato próprio ao governo do Rio, uma parcela do PMDB caminhou com Aécio. Não me arrependo. Lula é um político que conversa com todas as forças, o respeito muito. Política se responde com política.

Foi a alguma manifestação contra a presidenta Dilma?

Não. Protesto é importante, mas sou contra o “quanto pior melhor”. Não pode ter terceiro turno.

E em 2018? Você defende candidatura própria do PMDB à Presidência?

Claro. Como militante, ficarei muito frustrado se isso não acontecer. São 16 anos participando do governo, temos que mostrar nossa cara.

A cara é o prefeito Eduardo Paes?

Ele era uma promessa como prefeito e deu certo. É promessa de novo agora.

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