Por nicolas.satriano

Rio - Grandes agências de turismo passaram a ser o alvo de reclamações de guias que trabalham nas favelas cariocas. Segundo os profissionais, as empresas chegam a faturar alto por dia - aproximadamente R$ 18 mil - e nada dos ganhos retornam à comunidade. O debate chegou à Câmara Municipal e provocou uma discussão acalorada nesta terça-feira. 

Presidida pelo vereador Célio Lupparelli (DEM), a audiência pública teve como objetivo debater projeto de lei, de autoria do vereador para proibir o então denominado "turismo degradante". Segundo Lupparelli, determinadas empresas exploram a miséria e invadem a privacidade dos moradores das comunidades.

No ápice do debate, protagonizaram o bate-boca guias de turismo do Santa Marta e a diretora de planejamento da Riotur, Dircélia Pimentel.

“O que a senhora acha de uma agência chegar ao Santa Marta com 100 turistas, cobrar R$ 180 de cada turista, faturar R$ 18 mil e não deixar nada na favela?”, provocou um dos profissionais.

Em resposta, Dircélia rebateu: “Mas quando vão a Copacabana também não deixam nada”.

A discussão causou alvoroço. Em determinado momento, o guia e artesão da comunidade do Santa Marta, Carlos Barbosa, disse que "em Copacabana, os turistas almoçam nos restaurantes, compram sandálias e o comércio é estimulado. Mas, no Santa Marta, os turistas não são estimulados a comprar nada”.

Os guias reclamaram, ainda, que a Riotur não incentiva o trabalho dos guias de turismo da própria comunidade, mas sim de operadoras de fora. Segundo o profissional Gilson Fumaça, as agências evitam contratar guias locais e acabam pagando R$ 5 a crianças da favela para que atuem como guias.

Lupparelli garantiu que o projeto será aprimorado."No dia 26, faremos uma nova reunião com mais comunidades, depois marcaremos nova audiência”, prometeu o vereador. 

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