Por adriano.araujo

Rio - Eles não têm hora para chegar nem para ir embora. A qualquer momento, os pequenos chegam e enchem a casa. Para mães que assumem a difícil missão de educar os filhos alheios, o domingo também será de festa. Nos lares de famílias acolhedoras, 210 crianças e adolescentes que estavam em abrigos cariocas vão comemorar a data junto de suas mães adotivas temporárias, sem distinção dos filhos biológicos.

Cintia cuida de A%2C de 7 meses%2C e M%2C de 3 anos%2C como se fossem seus Wanderson Cruz / Divulgação

Desenvolvido desde 2006 pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS), o Família Acolhedora recebe em casas de pessoas credenciadas menores, vítimas de violência doméstica ou em situação de vulnerabilidade e risco social. Atualmente, 121 famílias estão inscritas no programa, que busca novos voluntários. “ O abrigo, por melhor que seja, não tem o calor de um lar. É melhor que a criança participe de um ambiente familiar”, reconhece o secretário Adilson Pires.

A secretária Cintia Mariano Dias, 41 anos, já foi mãe provisória de 15 crianças. A convivência mais longa durou dois anos e meio. Hoje, cuida de duas meninas, de 7 meses e 3 anos, em sua casa, em Padre Miguel. “Me sinto mãe de todos eles. Levo ao médico, à escola, educo, contorno as brigas entre irmãos. Trato como se fossem meus próprios filhos”, conta a voluntária, que não pensa em abandonar o programa. “Só quando eu morrer. Gosto muito de criança”, diz.

Para essas mães, o momento mais doloroso é o da despedida, quando são encaminhados à adoção ou retornam à família de origem. “A gente sente saudade. Mas logo já vêm outros. Já recebi quatro bebês de uma vez”, relembra Cintia com a sensação de missão cumprida.

Aos 60 anos, a assessora Lourdes Brito se sente avó de três adolescentes — duas órfãs, de 15 e 17 anos, e outra menina, de 11. “O trabalho é redobrado, mas é gratificante. Em breve, elas farão 18 anos. Elas já sabem; se quiseram, poderão ficar comigo. A casa é grande” diz ela. E, pelo visto, o coração também.

Aceitam-se voluntários

?Além da disponibilidade de tempo e afeto para cuidar de crianças e adolescentes, interessados em integrar o programa precisam morar no Rio e ter idade entre 24 e 65 anos. Não podem estar respondendo a inquérito policial, envolvidos em processo judicial, problemas psiquiátricos, sofrer de alcoolismo ou ser viciado em drogas ilícitas.

Após a inscrição no programa, as famílias passam por um processo de habilitação e capacitação. Psicólogos e assistentes sociais fazem acompanhamentos semanais às famílias.

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS) oferece uma ajuda de custo. Cada participante recebe uma bolsa-auxílio mensal que varia de acordo com a faixa etária: R$ 350 (para crianças até 6 anos); R$ 450 (de 7 a 14 anos); R$ 600 (15 a 18 anos). O programa também assiste crianças e adolescentes com necessidades especiais. Neste caso, o valor do auxílio aumenta para R$ 900.

Quem tiver vontade de se tornar um voluntário deve ligar para o Tele-Família Acolhedora, no número (21) 2976-1527, de segunda a sexta-feira, no horário das 9h30 às 17h.

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