Rio - Após se encontrar com as famílias de Wanderson e Gilson, mortos no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, na última terça-feira, durante uma operação da Polícia Civil, o deputado estadual Marcelo Freixo garantiu que a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Alerj vai encaminhar o caso à Defensoria Pública e assegurar que os parentes das vítimas tenham acompanhamento psicológico.
"Agentes do Estado destroçaram essas famílias. O mínimo que podemos fazer é assisti-las", afirmou Freixo. No encontro, estava presente também o professor Ignácio Cano, representante do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos.
A esperança de Maria Aparecida de Jesus Mello, mãe do pescador Wanderson Jesus Martins, de 23 anos, é de que a justiça seja feita o mais rápido possível. "Só quero provar que meu filho era inocente. Era um trabalhador que só pensava no filho e não tinha nada a ver com o tráfico", disse.
Sua preocupação agora é com o neto de apenas 4 anos, filho da vítima. "Ele soube da morte quando estava na escola e ficou desesperado. Explicamos que o pai dele está no Céu. Eles eram muito apegados", contou.
Nascida e criada no Morro do Dendê, Maria Aparecida relatou que nunca se sentiu ameaçada na comunidade. "Meu filho era livre lá. Tinha o sonho de ser pedreiro e construir a própria casa para viver com o menino", declarou.
Mãe de Gilson da Silva dos Santos, de 12 anos, Eliane da Silva Simplício disse que o filho era uma criança brincalhona, que tinha o sonho de conhecer os Estados Unidos. "Eu dizia que precisava estudar muito para isso e ele se esforçava", afirmou Eliane.
A mãe da vítima declarou que não sabia o quão querido Gilson era até o dia do enterro. "Teve criança pulando o muro da escola para ir", lembrou. Eliane afirmou ainda que o menino nunca sentiu medo de brincar na rua e que tinha saído para comprar pão quanto levou o tiro.
Os parentes das vítimas serão ouvidos, na próxima quarta-feira, pela Delegacia de Homicídios da Capital (DH), no período da manhã, e pela Defensoria Pública, na parte da tarde.
Reportagem de ?Clara Vieira