Por paulo.gomes

Rio - Cerca de 220 paulistas foram presos por agentes da Operação Lapa Presente e por policiais do 5º BPM (Praça da Harmonia), na madrugada desta quarta-feira, após invadir, saquear e depredar os oito andares da sede do Sindicato dos Empregados no Comércio do Rio, na Rua André Cavalcanti, 33, na Lapa. Não houve feridos. O incidente ocorreu horas antes do início da eleição que, 48 anos depois de domínio da família Mata Roma, escolherá a nova diretoria da entidade, que está sob intervenção da Justiça Federal.

O interventor José Carlos Nunes garantiu que o pleito ocorrerá normalmente a partir das 9h. Ele acusa uma entidade sindical de São Paulo de incitação a violência, tentar desestabilizar a justiça e tumultuar a eleição.

As pessoas presas após tumulto na sede do Sindicato dos Comerciários%2C na Lapa%2C serão encaminhadas para a Cidade da PolíciaOsvaldo Praddo / Agência O Dia

"A determinação da Justiça é que a eleição ocorra, que a democracia aconteça. Eleição depende apenas de uma cadeia e dois mesários. São 28 urnas que circulação de forma itinerante pelo Rio onde os comerciários poderão votar. Vai ter eleição", garantiu José Carlos Nunes. Ele atacou a União Geral dos Trabalhadores (UGT), dizendo que o site da associação sindical vinha 'incentivando o ódio' e tentando desestabilizar a eleição da categoria no Rio. Ninguém da UGT foi encontrado até o momento para falar sobre o assunto.

Nos dois dos quatro ônibus em que os paulistas estavam foram apreendidos simulacro de pistola, soco inglês, faca e canivete, além de drogas, fogos de artifício e fumaças sinalizadoras, muito usadas por torcidas organizadas em jogos de futebol. Em um Renault Duster, com placa de Belo Horizonte, quatro pessoas foram detidas e foi apreendido material de campanha da Chapa 3, com conteúdo atacando as outras duas concorrentes. O assessor jurídico da chapa, Paulo Rodrigues, disse nada ter haver com os detidos.

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"Tentaram obstruir o trabalho da Justiça. Nós temos acontecendo a apuração de desvio de mais de R$ 100 milhões naquele sindicato. Temos documentação acautelada na sede da entidade. Essas pessoas aqui tentaram destruir a prova que está sendo realizada no sindicato, tentado obstaculizar o trabalho da Justiça", denunciou o interventor.

Ele afirmou ainda que os invasores explodiram granadas, furtaram diversos documentos que não são os da auditoria e tentaram agredir e roubaram o porteiro, além de ameaçar diversas pessoas que passavam pelo local. "Queremos que sejam todos autuados e mantidos na delegacia até o fim da eleição", pediu o interventor federal. Ele calcula que o prejuízo patrimonial na sede seja de R$ 1 milhão.

A maioria dos presos contou que fora contratado em São Paulo para realizar um serviço de segurança no Rio. Ninguém, no entanto, soube dizer para qual tipo de serviço, mas que receberia a quantia R$ 100 pelo serviço. "Viemos no intuito de participar de uma manifestação, de uma eleição. Não queria quebrar, nem quebrei nada", garantiu Mauro Antunes, que disse trabalhar na área de segurança em São Paulo.

A confusão na Lapa ocorreu por volta das 2h30. Os quatro ônibus vindos da capital paulista passaram pela sede do sindicato. Os mais de 200 homens desceram na Rua André Cavalcanti e arrobaram o portão. Eles intimidaram e ameaçaram o porteiro. O grupo chegou até o oitavo andar destruindo o que via pela frente. A cena era de guerra no saguão, com cadeiras destruídas e papéis espalhados pelo chão. Nos outros andares, portas e câmeras de segurança foram arrancadas, computadores e papéis destruídos. Na rua foram encontrados morteiros e latas de fumaça sinalizadora deflagrados.

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