Por felipe.martins

Rio - A Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) divulgou nesta quarta-feira os resultados de uma pesquisa que aponta a falta de integração como um dos principais problemas encontrados nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Estado. O estudo foi coordenado pela médica Luciana Dias Lima com médicos, enfermeiros e coordenadores das UPAs e mostrou a necessidade de se aprimorar a integração com outras unidades, desde as que prestam atenção básica, como os Postos de Saúde da Família, aos hospitais.

“As UPAs têm um papel importante, foram implantadas em locais carentes, onde havia um déficit de serviços, mas a forma como foram implantadas, na pressa, não favoreceu à articulação destas UPAs às demais unidades”, explicou a pesquisadora.

Upas padecem no isolamentoAlexandre Vieira / Agência O Dia

O resultado desta falta de integração é um mau atendimento a pacientes que necessitam de transferência para outras unidades. A permanência de pacientes por mais de 24 horas nas UPAs foi relatada como problema frequente por 73,5% dos entrevistados, sendo que o motivo citado por 94,5% destes é justamente a falta de vagas em outros locais.

Procurada pelo DIA, a Secretaria Estadual de Saúde informou que apenas 0,37% dos 28 milhões de atendimentos feitos nas Unidades de Pronto Atendimento necessitaram de transferência. O número, no entanto, não é desprezível para quem precisa recorrer às unidades.

Estudo foi coordenado pela médica Luciana Dias LimaDivulgação

“As UPAs começaram funcionando muito bem, todo mundo era rapidamente atendido. Outro dia, no entanto, precisei ir à UPA da Saens Peña, na Tijuca, e fiquei mais de dez horas esperando para fazer um raio x”, reclamou a diarista Margarida Freitas, de 43 anos.

Um ortopedista da UPA de Vila Kennedy, apontou outro problema. “Além da falta de integração, a gestão feita pelas OSs (Organizações Sociais) visam ao lucro, não à saúde do paciente. Eles reduzem o número de médicos e isso prejudica o atendimento. Se o paciente chega lá às 7h e é atendido às 11h, para a OS está ótimo. Entra no relatório como paciente atendido. Para a OS, é suficiente. Mas não é”, revelou.

Central de Regulação Única vai organizar acessos aos serviços

A Secretaria Estadual de Saúde informou que desde o início deste ano, o Governo do Estado, o Ministério da Saúde e a Prefeitura do Rio de Janeiro vêm se reunindo periodicamente para a construção de uma Central de Regulação Unificada (Reuni-RJ), para organizar o acesso único aos serviços de saúde no Estado do Rio.

No dia último dia 8, a Reuni-RJ iniciou suas atividades, com a oferta de regulação para procedimentos ambulatoriais de alta complexidade (gestação de alto risco, cirurgias bariátricas, radioterapia, hematologia e terapia renal substitutiva (TRS).

Na ocasião, foi anunciado que todos os serviços prestados na área de saúde pelas esferas estadual, federal e municipais deverão estar integrados até o fim do ano, incluindo ainda as unidades universitárias e filantrópicas.


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