Por felipe.martins

Rio - Para afrontar policiais das 38 comunidades ocupadas pelas forças de segurança, criminosos vem adotando novas táticas de atuação. A avaliação é da própria Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), que fez uma análise dos últimos seis meses da nova gestão com exclusividade para O DIA. A conclusão se baseia em levantamento do armamento apreendido no período, quando 60% do material recolhido nas favelas foram pistolas.

De acordo com o coordenador de Comunicação Social do CPP, major Ivan Blaz, das 116 armas apreendidas, 70 são pistolas e a maioria, adaptada com dispositivo capaz de efetuar disparos com rajadas. Terça-feira, por exemplo, um desses dispositivos foi apreendido pela UPP Chácara do Céu / Borel, na Tijuca, onde Carlos Alberto Dutra Pessoa foi preso.

A maioria das apreensões em favelas foi de pistolas%2C como o Batalhão de Ações com Cães fez no São CarlosDivulgação

“É o sinal de uma nova metodologia de ação dos criminosos. Antes usavam fuzil, um dano que poderia ser causado a longa distância, com os criminosos escondidos. Hoje usam menos fuzis e mais pistolas, mais fáceis de esconder. O grande risco hoje é a pistola”, afirmou o major.

Dessa forma, os bandidos arriscam cada vez mais ataques a policiais, como aconteceu há dois dias com o PM Alex Amâncio, 34 anos, da UPP Andaraí. Faltando dez minutos para o fim do expediente, ele foi baleado na testa por bandidos, durante patrulhamento. O militar morreu e outro policial ficou ferido.

Ainda segundo o levantamento do CPP, somente três fuzis estavam entre o montante apreendido no semestre. O estudo ainda registrou 44 policiais de UPPs feridos em serviço no período. Desses, somente em um caso o tiro não foi disparado por pistola. A maioria foi atingida por estilhaço de balas, durante a folga, e oito morreram.

Reavaliação do trabalho e treino de PMs para reverter ataques

Para reverter o dano causados por bandidos aos policiais – como no caso dos sete que foram rendidos e tiveram as pistolas tomadas por bandidos na UPP Fallet, no Catumbi, há duas semanas —, o CPP fez uma reavaliação estratégica, que inclui treinamentos dos agentes, mapeamento das comunidades e melhor divisão dos equipamentos.

Diferente do que acontecia no início do processo de ocupação das favelas, hoje existe um Estado-Maior dentro do CPP, onde cada oficial tem uma função diferente para avaliar e atender as necessidades das comunidades.

Carlos foi preso na comunidade do Borel com pistola 9 milímetrosDivulgação

A reutilização das cabines blindadas, que ficavam vazias em vários pontos da cidade, é outra medida para melhorar o policiamento nas comunidades. Foram realocadas para as comunidades ocupadas. Quatro já foram instaladas nos complexos do Alemão e da Penha, e outras quatro serão colocadas ainda esta semana.

Além disso, um grupo do Estado-Maior tem feito avaliações do tipo de armamento necessário a ser usado por policiais, de acordo com a realidade de cada local, como fuzis e armamentos não-letais, por exemplo. “A ocupação desses terrenos com equipamentos é o que reduz confrontos. A segurança tem que ser para o policial e para a população também”, resume o major Blaz.

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