Por nicolas.satriano

Rio - Caxumba se resolve com vacina. Em duas doses. Esta é a recomendação dos especialistas em imunização ouvidos pelo DIA após o surto da doença que atingiu o Rio de Janeiro, além de cidades da região metropolitana como Niterói e Nova Iguaçu.

A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), Isabela Ballalai, explicou que nenhuma vacina é 100% eficaz, e que no caso da Tríplice Viral, entre 3% e 5% das pessoas vacinadas não estão imunes.

“Quanto mais gente estiver vacinada, menos vírus no ambiente, e isso protege, obviamente, inclusive quem não tomou a vacina”, explicou Isabela Ballai.

Segundo a médica,há dois tipos de falhas na vacinação contra caxumba. A primeira é quando a pessoa toma apenas uma dose - a primeira é com um ano de idade. O reforço é feito com um ano e três meses, justamente porque com uma única vacina, não há garantia de imunização. 

Bianca Moraes levou a filha Maria Clara para tomar a vacina contra caxumba no Hospital Lourenço JorgeUanderson Fernandes / Agência O Dia

“A grande questão é que a vacinação contra a caxumba começou em 1998, em dose única, e apenas a partir de 2002 passou a ser em duas doses. Neste caso, muitos adolescentes, hoje, talvez tenham tomado apenas uma dose quando criança”, prosseguiu a médica.

Apesar de uma terceira dose não ser recomendação expressa dos especialistas, quem não tem certeza se foi vacinado duas vezes, pode tomar por precaução. Com o calendário correto de imunização, o percentual de proteção da vacina chega a 98%.

“Só acho que não é preciso tanto alarde porque a caxumba é uma doença benigna, que próprio organismo combate, e as sequelas, como a esterilidade, algo que se comentava muito no passado, são raríssimas”, completou Isabela.

O patologista clínico Helio Magarinos Torres Filho também recomendou uma nova vacinação. Ele explicou que a infecção costuma ocorrer no início da adolescência e que em alguns países, como os Estados Unidos, uma nova dose é aplicada a partir dos 12 anos.;

“Há casos em que o próprio organismo para, sozinho e sem razão, de produzir o anticorpo”, destaca o especialista Torres Filho.

Hélio Magarinos recomenda duas doses da vacina tríplice viralDivulgação

Preocupada com os recentes casos de caxumba na cidade, a administradora Bianca Moraes, 35, levou a filha Maria Clara, 6, para receber vacinar no Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, ontem à tarde. “Depois que vi todo mundo comentado, percebi que minha filha estava em tempo de tomar a segunda dose, então corri para cá. Se não fossem as notícias, acho que eu não teria lembrado. Fico um pouco mais aliviada agora”, disse.

Imunização será analisada

O Ministério da Saúde decidiu investigar, o surto de caxumba no Rio de Janeiro para verificar se as pessoas contaminadas já eram vacinadas.

A Secretaria informa que no Rio de Janeiro a cobertura da vacinação foi de 114,6% em 2014 e de 108,1% em 2013 (população em trânsito no estado pode ter sido vacinada). A distribuição da vacina para a caxumba encontra-se regular e os estoques estão abastecidos

A secretaria municipal de Saúde, por sua vez, informou ontem que a estudante Juliana Guedes, de 14 anos, que cursava o 1º ano do ensino médio da unidade Barra da Tijuca do colégio PH e morreu na última terça-feira, não estava infectada por caxumba.

A causa da morte de Juliana, segundo o laboratório Noel Nutels, foi encefalite. Na escola de Juliana, o PH, 44 crianças pegaram caxumba nos últimos 40 dias.

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