Por marcello.victor

Rio - Policiais do 9º BPM (Rocha Miranda) prenderam na noite desta segunda-feira, um dos sete criminosos suspeitos de participar do roubo a dois PMs, na madrugada de quinta-feira, na Zona Norte do Rio. Os militares foram obrigados a tirar a roupa. De acordo com a Polícia Civil, Jorge André Lopes dos Santos, de 31 anos, conhecido como Cocão, foi reconhecido na 29ª DP (Madureira) pelo soldado de 29 anos, lotado no mesmo batalhão. Segundo o militar, o acusado chegou a chorar na delegacia. Além de roubado, o PM foio baleado no joelho, colocado no porta-malas de dois carros e sequestrado em Barros Filho.

O acusado tem oito passagens pela polícia e teve a prisão preventiva pedida. Nas redes sociais, ele aparece em fotos ostentando armas e dinheiro.

Acusado de roubar dois PMs%2C Jorge André Lopes dos Santos%2C de 31 anos%2C foi preso nesta terça-feira. Conhecido com Cocão%2C ele gosta de ostentar nas redes sociaisReprodução Internet

Cocão foi preso no Morro Faz-Quem-Quer, em Rocha Miranda, durante um churrasco familiar na Rua Pinhará, um dos acessos a comunidade, por volta das 22h30 Segundo os PMs, ele foi localizado após uma denúncia anônima e não reagiu. Nada foi encontrado com ele. Na ocasião, ainda segundo os policiais que participaram do cerco ao acusado, ele reconheceu que tinha várias passagens pela polícia, mas negou participação no ataque aos PMs na quinta-feira. Familiares ainda tentaram argumentar e impedir a prisão do suspeito.

Na 29ª DP foi verificado que Cocão tinha duas passagens na polícia por tráfico de drogas e duas por porte ilegal de arma de fogo, além de uma por furto a estabelecimento comercial, comércio ilegal de arma, receptação e associação para o tráfico de drogas. No aparelho celular dele os policiais encontraram fotos do acusado portando armas e posando com dinheiro. De acordo com o soldado Inácio, que participou da prisão, o acusado disse que as imagens eram "coisa do passado" e que ele já havia pago as pendências que tinha com a justiça.

"Essa prisão é o pontapé para as demais prisões que poderão decorrer das investigações. As investigações continuam no sentido de conseguirmos prender todos os demais envolvidos nesses assaltos. Já estão todos identificados", disse o delegado adjunto da 29ª DP (Madureira), Leonardo Grivot, disse ainda que Cocão em momento algum reconheceu participação nesse crime, mas reconheceu outros crimes que praticou.

Segundo a Polícia Civil, sete bandidos foram identificados e reconhecidos por fotografias da participação nos assaltos aos PMs, em inquérito investigado pela 39ª DP (Pavuna), onde os casos foram registrados na ocasião. De acordo com a PM, os bandidos são da comunidade da Barreirinha, em Rocha Miranda. Segundo um PM, Cocão transitaria entre as duas comunidades por serem controladas peala facção Comando Vermelho (CV).

PM lembra dos momentos de terror

Na delegacia, o soldado vítima rememorou os momento de pânico e terror que viveu por volta das 4h40 de quinta-feira, na Estrada João Paulo, após ser abordado por traficantes armados quando ia para o 9º BPM, onde é lotado. Depois de ter a farda e o coturno descoberto pelos bandidos dentro de seu veículo, o PM foi obrigado a se despir e foi colocado no porta-malas do carro de um outro soldado, lotado no 19º BPM (Copacabana), que havia sido roubado pela quadrilha antes, em Madureira, mas conseguiu fugir.

Além de posar com dinheiro%2C em sua página numa rede social%2C Jorge André Lopes dos Santos%2C o Cocão%2C tem fotos segurando armas de fogoReprodução Internet

"O tempo todo falando eles ficaram falando que iam me matar, se eu sabia rezar, que ia ser meu dia de morrer ali. Pensei na minha família. Pensei o tempo todo que eu ia morrer. Pedi a Deus para me tirar daquilo ali, quando eu tava dentro da mala para me livrar, para nada de ruim me acontecer. Quando eu entrei na mala eu pensei que eles iam me fuzilar ali dentro. Então pensei a todo o momento ali para Deus me dar um livramento. Graças a Deus ele é justo, ele ouviu minhas preces. Um morador ligou e a guarnição chegou logo e me resgatou", relembrou ao deixar a delegacia de madrugada.

Num terreno na Rua Porto Feliz, em Honório Gurgel, próximo a Favela da Mundial, o soldado foi transferido para a mala de seu próprio. Ele contou que da abordagem em Barros Filho até o local ficou por cerca de meia hora em poder dos traficantes, foi agredido, xingado, sofreu terror psicológico e foi baleado de raspão no joelho. Colegas dele do 9º BPM, no entanto, conseguiram chegar a tempo antes do PM ser morto. Eles foram ao local após receber a denúncia de um morador. Houve troca de tiros com os marginais, que conseguiram fugir. O soldado realçou a mudança de postura de Cocão durante o sequestro e na delegacia após ser reconhecido.

"Na hora lá eles são muito brabos, apontando fuzil, arma pra minha cabeça, me deixaram sem roupa. Ficaram rindo, dando gargalhadas quando me colocaram na mala do carro. Aí quando são presos choram, choram que nem criança", ironizou o soldado. Ele ainda se recupera do disparo de raspão no joelho, mas vai voltar ao trabalho ainda esta semana. "Os colegas estão trabalhando para prendê-los. Espero me somar a eles na busca da prisão dos outros bandidos", disse o PM.

Criminosos deixaram o policial somente de cueca

Antes da abordagem ao soldado do 9º BPM, os traficantes tinham abordado um soldado no 19º BPM, na mesma Estrada João Paulo, quando o PM também seguia para o trabalho. Os bandidos vasculharam o veículo do policial e o deixaram somente de cueca. Ele aproveitou para escapar e correu até uma viatura do batalhão. Os veículos dos dois soldados foram recuperados por investigadores.

De acordo com Leonardo Grivot, o soldado do 9º BPM foi categórico em reconhecer a participação de Cocão em seu sequestro e tortura. O pedido de prisão preventiva foi encaminhado ao Plantão Judiciário do Fórum do Rio durante a madrugada desta terça-feira.

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