Por felipe.martins

Rio - Viciados em crack voltaram a ocupar as margens da Avenida Brasil, na altura do Parque União e Ilha do Governador, além de outros pontos nas imediações das favelas de Manguinhos e Jacaré. Dezenas de usuários da droga se concentram nessas regiões para consumir a droga, principalmente à noite. Maltrapilhos e comparados a ‘zumbis’, adolescentes, jovens e até idosos e grávidas, que não eram vistos nessas regiões desde o início de 2014, voltaram a andar em bandos, chocando quem transita nessas localidades.

“Eles (viciados) fumam as pedras (de crack) e passam a perambular sem rumo entre os carros, correndo o risco de serem atropelados. Quando o trânsito está engarrafado, atacam os motoristas em busca de algum objeto de valor”, afirmou o motorista de uma transportadora, Joaquim Nepomucemo, de 54 anos, que trafega todos os dias pela Avenida Brasil.

Cabanas improvisadas abrigam pessoas que ficam no local para consumir a droga%2C contam moradoresAlexandre Brum / Agência O Dia

Segundo os moradores, com a saída das tropas do Exército — que passou o comando da Força de Pacificação do Complexo da Maré para a Polícia Militar no final de junho — os consumidores de crack voltaram a circular com maior intensidade no entorno das comunidades. “Até cabanas improvisadas com papelões e lençóis reapareceram”, lamentou morador do Parque União.</CW> No local ainda há sofás, colchões e outros móveis, que remetem a moradia improvisada.

Em nota, a Polícia Militar informou que “considera a questão dos dependentes <CW-3>químicos como sendo de Saúde Pública, e trabalha com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social no acolhimento de pessoas que precisam de ajuda.” “O comando da Maré já fez um relatório, tirou fotos na altura do Parque União e entregou ao Comando de Polícia Pacificadora (CPP), para que sejam elaboradas ações com órgãos competentes”, diz trecho da nota.

O CPP, por sua vez, garantiu que tem realizado operações constantes entre Manguinhos e Jacarezinho. No primeiro semestre, mais de 270 pessoas foram detidas, entre elas, 100 adolescentes apreendidos, além de 10,7 mil pedras de crack e outras drogas nas duas favelas.

Sociólogo faz críticas à qualidade do tratamento

O secretário municipal de Desenvolvimento Social, Adilson Pires, garantiu que o governo municipal mantém uma equipe multidisciplinar de saúde e assistência social no Complexo da Maré. “Este ano, graças ao Projeto Proximidade, fizemos a acolhida de 1.844 usuários de crack na Maré. Dessas pessoas, 325 foram encaminhadas para tratamento”, ressaltou. Em 2012, o número de acolhimentos chegou a 3.260.

Segundo a Secretaria de Estado de Prevenção a Dependência Química, atualmente existem 514 vagas para o tratamento de viciados em crack em quatro clínicas conveniadas, mas só 150 leitos estão ocupados.

“Se há tantos leitos vazios, é porque o tratamento não tem boa qualidade. Isso é um problema sério e antigo”, critica o cientista social Dario Sousa, da UERJ, especialista em sociologia urbana. De acordo com ele, o consumo de crack continua aumentando. “Os grupos só migram de um lugar para outro”, justificou.

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