Por felipe.martins

Rio - No rastro do dinheiro de oficiais PMs acusados de receber propina, agentes da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança e da Corregedoria Polícia Militar vasculharam ontem dez endereços em busca de novos documentos. Para fechar ainda mais o cerco ao grupo, o principal alvo da investigação, o coronel Alexandre Fontenelle Ribeiro de Oliveira, foi denunciado desta vez à Justiça pelo crime de lavagem de dinheiro pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público.

Além dele, outros denunciados são o capitão Walter Colchone Netto, os majores Carlos Alexandre de Jesus Lucas e Édson Alexandre Pinto de Góes, além das advogadas Mércia Fontenelle e Maria Paula Fontenelle — mãe e irmã do coronel Fontenelle.

A base da operação, batizada de Profilaxia, são imóveis que pertenceriam a Alexandre Fontenelle, mas foram registrados oficialmente em nome de policiais, da mãe e da irmã dele , além de uma luxuosa casa do oficial em Búzios, na Região dos Lagos.

Um apartamento vazio no Grajaú, avaliado em quase R$ 1 milhão, consta como sendo de Maria Paula, enquanto outro em Jacarepaguá, de R$ 750 mil, está no nome do capitão Colchone, do major Lucas e Maria Mércia. Adquiridos entre 2012 e 2013, na mesma época, o coronel Fontenelle comprou dois veículos um Toyota Corolla e um Honda City.

Apartamento na Barra%2C avaliado em R%24 2 milhões%2C está no nome da mulher de um dos oficiais denunciadosDivulgação

“A denúncia de lavagem de dinheiro já foi aceita pelo juízo da 1ª Vara criminal de Bangu. As penas variam de três a dez anos de prisão”, afirmou o promotor Daniel Braz. Fontenelle, outros 25 PMs e um mototaxista respondem ainda pelo crime de organização criminosa resultado da operação Amigos S/A, deflagrada ano passado.

Nesta segunda-feira, chamou a atenção dos investigadores o apartamento do major Carlos Alexandre de Lucas no Condomínio Atmosphera, na Península, na Barra, avaliado em R$ 2 milhões. Segundo os promotores do Gaeco, o imóvel está em nome da mulher dele que não tem renda suficiente para a comprá-lo. “Vamos abrir outra investigação de lavagem de dinheiro”, anunciou Daniel Braz. Foram apreendidos extratos bancários e comprovantes de imposto de renda.

Fontenelle%2C principal investigadoDivulgação

Todos os PMs investigados no esquema de propina e lavagem de dinheiro vão responder por improbidade administrativa. “Antes o foco era prender, agora é preciso ir atrás do patrimônio ilícito, sequestrar os bens e fazer com eles também respondam pela improbidade administrativa”, afirmou o promotor Daniel Braz, do Gaeco. Durante as investigações foram apreendidos R$ 287,6 mil em dinheiro na casa do major Edson Góes.

Em nota, a PM informou que os oficiais envolvidos no esquema respondem ao Conselho de Justificação e os praças ao Conselho de Disciplina. Ambos os procedimentos podem resultar na exclusão dos militares da corporação, embora, no caso dos oficiais, a palavra final seja do Tribunal de Justiça.

Denunciados desde 2014

As investigações mostram que o ex-comandante de Operações Especiais da PM, coronel Alexandre Fontenelle, levava os mesmos policiais para as unidades onde servia. A Operação Amigos S.A. de setembro de 2014 combateu extorsões praticadas pelo grupo quando ele estava no 14º BPM (Bangu). Foram denunciados por associação criminosa armada 26 PMs e o mototaxista que arrecadava a propina. Eles foram presos à época e soltos em fevereiro. Em dois anos, 29 PMs foram expulsos do Batalhão de Bangu.


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