Por paulo.gomes
Ex-chefe do Comando de Operações Especiais da PM%2C coronel Alexandre Fontenelle apresentou nesta quinta-feira apresentou contracheques e declaração de imposto de rendaAlexandre Vieira / Agência O Dia

Rio - Preso em setembro do ano passado, na Operação Amigos S/A, o coronel da Polícia Militar, Alexandre Fontenelle, quebrou o silêncio nesta quinta-feira. No escritório de seu advogado, no Centro do Rio, o ex-chefe do Comando de Operações Especiais alegou inocência das acusações de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro e disse acreditar na Justiça.

"O que me trouxe aqui foi o desejo de defender a mim e a minha família. Sou inocente de todas as acusações e continuo acreditando na Justiça. Sendo inocentado, pretendo continuar meu trabalho como sempre fiz", afirma.

O Ministério Público ofereceu, na última terça-feira, denúncia contra o coronel. Ela aponta que Fontenelle é proprietário de dois apartamentos registrados em nomes de terceiros e uma casa localizada em Búzios, na Região dos Lagos. O oficial afirmou que os valores divulgados dos imóveis não correspondem com a realidade.

"Todos os meus imóveis foram divulgados na mídia com valores acima do que eu adquiri. O apartamento do Grajaú, por exemplo, custou R$ 422 mil (está no nome da mãe). O de Jacarepaguá, minha mãe comprou com dois oficiais (major Carlos Alexandre de Jesus Lucas e capitão Walter Colchone Netto) que trabalharam comigo e a minha mãe pagou R$ 60 mil. A casa de Búzios, custou R$ 28 mil. Não é a mansão que estão falando", garante.

Segundo o MP, o imóvel localizado no Grajaú está avaliado em R$ 995 mil. Já o apartamento na Zona Oeste vale R$ 750 mil. E a casa em Búzios fica numa área nobre do município.

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Fontenelle levou contracheques e impostos de renda. Ele garantiu que a renda bruta dele e da mãe, a advogada Márcia Mércia Fontenelle de Oliveira, é de cerca de R$ 50 mil. "Tenho condições o imóvel que eu quiser dentro desse limite", diz.

"No processo que moveram contra mim, não constam o contracheque e nem o imposto de renda. Eu tinha acesso a informações sigilosas de várias investigações. Eu não sei quando aconteceu esse processo de investigação", completa.

O oficial, que já foi o terceiro na hierarquia da PM, disse que não responde a nenhum Inquérito Policial Militar (IPM). Além disso, não foi ouvido pela Justiça. De acordo com Fontenelle, o dinheiro que supostamente estava sendo extorquido de comerciantes, mototaxistas, motoristas e cooperativas de vans, além de empresas transportadoras de cargas em Bangu, na Zona Oeste, nunca foi encontrado.

"Foi oferecida a quebra do sigilo bancário e não foram encontrados os valores. Como eu vou lavar um dinheiro que não tive acesso. Divulgaram que eu recebia propina de vans e mototaxistas, mas não sou investigado de concussão nem de extorsão. Tenho como comprovar todos os meus bens", afirma.

De acordo com o advogado Rodrigo Roca, o coronel Fontenelle está sendo investigado somente pelos crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Além disso, ele e nem os outros oficiais, tiveram seus bens bloqueados.

Reportagem de Clara Vieira

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