Por adriano.araujo

Rio - Depois de mais de dois anos em obras, o Estádio Olímpico Nilton Santos (Engenhão), na Zona Norte, foi reaberto no início do ano, mas comerciantes e moradores da região ainda sofrem com o prejuízo dos portões fechados. A menos de um ano das Olimpíadas, a população se divide entre o desânimo e as expectativas quanto ao impacto do megaevento nas redondezas do estádio.

Para José Armando de Medeiros, de 52 anos, dono de uma padaria na Rua José dos Reis, onde se localiza a entrada para a Ala Oeste do Engenhão, o comércio já foi bom, quando os antigos jogos atraíam muita gente e lotavam as ruas. “A reabertura não adiantou muito porque os jogos vêm acontecendo às terças-feiras, às 22h. Ninguém aparece, a menos que tenha algum time grande jogando. Mesmo assim, a entrada das torcidas é feita pela Ala Leste, e a gente fica sobrando. Estou pensando seriamente em fechar o negócio porque não tenho como segurar até as Olimpíadas. Está muito difícil", comentou.

Engenhão%3A estádio foi construído para as provas do Pan em 2008%2C ficou fechado para reformas ano passado e abrigará a Olimpiada do RioDivulgação

Com fechamento do Engenhão, o lugar ficou abandonado. A recente reabertura, no entanto, foi mais positiva para Oriel Roque, 48, proprietário do restaurante La Moriquita.

"Tivemos momentos difíceis com o fechamento do estádio, mas a reabertura deu uma melhorada. As expectativas para as Olimpíadas são as melhores e comecei a reformar a casa para os Jogos”, disse o comerciante, que colocou vidros novos nas portas e ar-condicionado. “A ideia é deixar o lugar mais charmoso e com o serviço cada vez melhor", completou.

Comerciantes reclamam

Os comerciantes relatam que as obras foram prejudiciais a todos porque foram obrigados a estocar muita mercadoria. Georgelina Brás França, de 53 anos, dona de loja de roupas, foi uma das prejudicadas. "Eu vendia sacolé e empadão para quem vinha assistir aos jogos e tive que parar. Também não podia colocar minhas roupas no mostruário, porque ficavam cheias de poeira e ninguém queria. Não vendi nenhuma peça no Natal”, disse.

O marido de Georgelina ficou desempregado e a comerciante teve que sustentar a família sozinha com base no conserto de roupas, a única atividade que podia fazer com as portas fechadas. “Desde a reabertura, não vi muita mudança, porque os jogos são muito tarde e é perigoso ficar aqui sozinha. Não tem condução e ninguém se sente seguro para vir com a família”, comentou a comerciante, acrescentando que está confiante em uma melhora a partir do ano que vem, com os Jogos Olímpicos do Rio.

?Moradores pedem segurança

Engenhão será palco das provas de atletismo e dos jogos da primeira fase dos torneios de futebol durante os Jogos Olímpicos de 2016.

A dona de casa Fátima Santos, 55 anos,espera que a Olimpíada traga mais segurança para o bairro. "O comércio melhorou bastante e espero que cresça ainda mais com os Jogos. O único problema é a segurança, que só existe quando jogam os times grandes. Devia ser o tempo todo", disse a moradora.

Karina Bittencourt, 42 anos reclama das mudanças no trânsito nos arredores do estádio."Cada semana fecham uma rua diferente sem nos avisar”, conta.

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