Rio - Três militares foram os responsáveis pelo atentado à sede da Ordem dos Advogados do Brasil, que culminou na morte da secretária Lyda Monteiro da Silva, de 59 anos, em 1980. Essa é a conclusão do relatório da Comissão Estadual da Verdade, que será apresentado hoje, segundo o filho de Lyda, o professor universitário de Direito, Luiz Felippe Monteiro Dias.
De acordo com o ‘Informe do Dia’, que antecipou que os nomes dos responsáveis serão anunciados hoje, um dos suspeitos também estaria ligado ao atentado do Riocentro, em 1981. Dias contou que já foi informado da identidade dos acusados, mas que vai aguardar a comissão fazer o anúncio.
Aos 59 anos, ele ressalta que sente-se aliviado com a conclusão das investigações, iniciadas há mais de dois anos. “Fechei um ciclo da minha vida. Sempre lutei pela justiça. A descoberta é um capítulo reescrito da história que meus filhos vão estudar”,
Lyda trabalhava no Conselho Federal da OAB, cuja sede era no Rio. Ela foi surpreendida ao abrir uma carta-bomba, endereçada ao presidente da instituição, Eduardo Seabra Fagundes. Na época, a entidade lutava contra a ditadura e a explosão integrou uma série de atentados, iniciada em 1979 e atribuída a grupos dissidentes da política de reabertura política, liderada pelo general João
Na época do atentado, Luiz Felippe tinha 24 anos, era estudante de mestrado e morava com a mãe. A notícia da morte foi recebida no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, para onde Lyda foi levada ainda com vida. “Minha mãe era inocente e poderia haver mais vítimas caso o local estivesse cheio”,
O filho de Lyda conta ainda como foi difícil a busca pela Justiça. “Todo esse tempo, lutei sob ameaças e represálias. Vi o governo colocando obstáculos na investigação. Eles fizeram de tudo para impedir que se chegasse aos nomes”, disse ele, acrescentando que podia revelar se algum acusado ainda está vivo.
Ato contra a ditadura
O enterro de Lyda Monteiro da Silva transformou-se em um grande ato de protesto contra a ditadura militar e os atos terroristas. Cerca de dez mil pessoas participaram do cortejo, que saiu do Centro para o Cemitério São João Batista, em Botafogo.
Além da carta-bomba aberta pela funcionária da OAB, outro material similar foi endereçada à Associação Brasileira de Imprensa, mas o artefato foi desativado pelo presidente da entidade na época, Barbosa Lima Sobrinho, após um telefonema anônimo. Outros atentados na época deixaram seis pessoas feridas.