Por paulo.gomes

Rio - André Luís dos Santos Vieira, o André Chupeta, foi preso em Alagoas por agentes da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) na manhã de ontem. Ele é acusado de matar, motivado por homofobia, o produtor cultural Adriano da Silva Pereira, de 33 anos, em julho, na Estrada do Cabuçu, em Queimados.

O corpo foi achado em um córrego e tinha perfurações parecidas com facadas, além de marcas de espancamento. O assassinato do produtor cultural faz parte da lista de oito mortes este ano no Rio com a mesma motivação.

André Luís dos Santos Vieira foi preso nesta sexta-feira%2C no estado de Alagoas. Ele é o principal suspeito da morte do produtor cultural Adriano da Silva PereiraDivulgação

Em todo o país, de 1º de janeiro a 8 de setembro, 204 pessoas foram mortas pela intolerância de gênero ou cometeram suicídio por causa de humilhações e preconceito, de acordo com estudo do Grupo Gay da Bahia. O dado representa um assassinato a cada 29 horas no Brasil.

“Ele fugiu para Alagoas quando percebeu que havia sido identificado como assassino do Adriano por homofobia. Pelo Disque-Denúncia (2253-1177), uma pessoa da cidade de Viçosa afirmou que estava lá. A partir daí, chegamos a ele”, explicou o delegado Fábio Cardoso. 

O produtor cultural Adriano da Silva Pereira, de 33 anos, foi morto no início de julho, em Nova IguaçuReprodução Facebook

De acordo com as investigações, os dois se conheceram na noite do crime em uma festa e foram, com mais dois amigos, no carro de André para outra comemoração. Segundo a polícia, o acusado teria flertado com a vítima no trajeto. Ao sair do carro, no entanto, André deu uma joelhada no rosto de Adriano. Antes de cair desmaiado, o produtor cultural ainda perguntou: “O que eu fiz para você?”.

Testemunhas tentaram impedir as agressões, mas o acusado tentou passar com o carro por cima de Adriano e repetia a todo momento que “odiava homossexuais”. 

“A prisão é um alívio, pois fecha um ciclo. O delegado disse que ele (André) será indiciado por homicídio duplamente qualificado, porém como ainda não existe na legislação o agravante por crime de ódio, a homofobia, falta esse elemento para colocar como motivo torpe”, contou o fotojornalista Mazé Mixo, 31, candomblecista e irmão de religião de Adriano.

Fundador do Movimento 28 de Junho, o primeiro LGBT da Baixada, Eugênio Ibiapino acredita que a maioria dos crimes de homofobia sequer é registrada. “Homossexuais muitas vezes são maltratados quando vão prestar queixas. A maior parte dos casos fica na invisibilidade.”


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