Por nicolas.satriano

Rio - Marcada pela violência e pobreza desde a década de 40, a favela da Maré quer mostrar para o mundo, a partir de amanhã, que lá tem muita coisa boa. Em todos os sentidos. A começar pelo paladar.

Este é o foco do festival Comida de Favela, que reunirá 16 bares do complexo de favelas num concurso que quer usar a culinária para celebrar a cultura local e empoderar os moradores.

“Queremos mostrar que na Maré tem muita gente empreendedora. Mostrar a comunidade sob outra perspectiva. Temos mais de 3 mil empreendimentos lá dentro, sendo 1.118 no ramo de alimentação”, explica Mariana Aleixo, uma das coordenadoras do evento.

Chef Antonio Márcio Alves%3A “Vou fazer um acará com baião para conquistar todo mundo que vier aqui”Divulgação

A maranhense Maria Sônia Oliveira dos Santos, de 35 anos, é um exemplo. Ela desafia, inclusive, o hit dos Paralamas do Sucesso nos anos 80, que fala da Maré e diz a “esperança não vem do mar, nem das antenas de TV”.

“Vim do Maranhão criança, casei cedo, nunca fui à escola. Tudo que aprendi na cozinha foi vendo televisão.Vem gente da UFRJ e da Barra comer aqui. Criei minhas filhas pelo meu esforço e dedicação na cozinha”, conta Sônia, emocionada, que preparou salmão com camarão e frutos do mar ao preço de R$ 10.

O cearense Antônio Márcio Alves, de 38 anos, que já foi ajudante de cozinha, garçom, maitre e até gerente de bar, agora comanda sua própria casa na comunidade. 

“Vou fazer um acará com baião para conquistar todo mundo que vier aqui”, disse.
E quem quiser chegar, basta parar em uma das entradas da comunidade, em frente às passarelas 6, 8 e 10 da Avenida Brasil, que os monitores do festival estarão lá prestes a mostrar que a Maré está para peixe.

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