Por felipe.martins

Rio - Falta de informações nos livros que registram a retirada de armas das reservas das unidades da PM é o caminho para o desvio de armamento e alimenta a impunidade. Esta é a avaliação do promotor Paulo Roberto Mello Cunha Júnior, do Ministério Público, que atua junto à Auditoria da Justiça Militar. Só nos últimos cinco anos, a corregedoria da corporação abriu pelo menos 120 inquéritos. Mas as conclusões são pífias. Como O DIA mostrou em série de reportagem, só em 2011 a PM identificou o roubo, furto e extravio de 457 armas, entre elas 72 fuzis, e 1.719 carregadores. Os números revelam a falta de controle dos paióis.

Pezão%3A ‘De forma alguma as armas podem se perder por todo esse tempo%2C sem qualquer explicação’Severino Silva / Agência O Dia

“A fiscalização é arcaica. Anota-se em livros. Muitas vezes não têm informações. O que impede a identificação do responsável. Então, o sistema é aberto a todo o tipo de desvio”, analisou o promotor. Para o governador Luiz Fernando Pezão, é preciso explicação para os desvios. Ele disse que apoia o pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) feito pelo deputado estadual Carlos Minc (PT) à Assembleia Legislativa (Alerj) na terça-feira. O pedido foi feito com base na matéria publicada pelo DIA na véspera. A meta é apurar também o desaparecimento de armas na Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) e do Corpo de Bombeiros.

“Sou favorável (à CPI). A Assembleia tem muito a contribuir na apuração. De forma alguma as armas podem se perder por todo esse tempo, sem qualquer explicação”, enfatizou Pezão. O governador fez questão de lembrar que o problema não é só de órgãos ligados ao estado. “Já apreendemos armas do Exército, mas isso não deve ocorrer em lugar nenhum”, concluiu. Para ser aprovada, a CPI que conta com apoio do presidente da Casa, Jorge Picciani (PMDB), tem que ser submetida ao plenário e aprovada pela maioria dos parlamentares presente.

Exército fiscaliza uso de explosivos

O Exército Brasileiro iniciou nesta terça-feira a Operação Rastilho, promovida especialmente para intensificar as atividades de fiscalização de explosivos e produtos correlatos em 11 estados, inclusive o Rio de Janeiro. A ação é coordenada pela Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados e executada pelos Serviços de Fiscalização de Produtos Controlados Regionais.

Além do Rio de Janeiro, a operação está sendo desencadeada nos estados da Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins. As ações fazem parte das medidas de segurança dos trabalhos preparativos para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, a Rio 2016. Esta está sendo a primeira operação coordenada pelo Centro de Operações de Produtos Controlados, uma estrutura qie foi criada este mês, em Brasília. Os resultados da Operação Rastilho deverão ser divulgados amanhã pelo Exército Brasileiro.

Colaborou Gabriel Sabóia



Você pode gostar