Rio - A crise financeira não é desculpa para deixar o estilo de lado. Prova disso são os bazares domiciliares que têm aumentado nos últimos anos. Opções não faltam, desde mães desapegando de roupas e brinquedos a recém-casadas dando adeus aos seus vestidos de noivas.
“Eu faço bazares físicos duas vezes por ano, movimento tudo pelo Facebook. Junto as roupas e as amigas. Se quiserem colocar algo à venda também colocamos e dividimos o lucro”, conta a arquivista Mariana Nascimento, que junto da amiga Alessandra Sant’Ana inaugurou o ‘Nega Chiq’ há um ano. “Bazar é uma ótima opção para ficar na moda e gastar pouco. Conseguimos um dinheirinho bom.”
A produtora cultural Jeoseanny Kim não perde oportunidade para ficar bem vestida gastando pouco e é adepta dos bazares e brechós. “Tenho a chance de achar peças únicas que a maioria das pessoas não vai ter igual.” Ela diz que consegue montar um bom look com menos de R$ 50. “Já comprei casaco por R$ 3, camisa por R$ 5. Dá uma euforia quando acho uma peça bacana e baratinha.”
Segundo o professor de economia do Ibmec Daniel Sousa, o fenômeno é natural diante do cenário econômico atual. “Tem coisas que ficam mais sensíveis diante de uma crise, e os bazares são ótimas opções para comprar mais em conta.” Segundo ele, o preconceito por comprar uma peça usada tem diminuído. “Há muito tempo que na Europa e Estados Unidos é superchic usar peças de bazares, o brasileiro está aprendendo agora.”
Importados saem mais em conta
No Facebook, a página ‘Gringos Buy, Sell & Donate Rio’, criada há um ano e meio pelo equatoriano Jose Carlos Molesina, reúne mais de 17 mil integrantes, a maioria estrangeiros, vendendo, comprando e doando itens no Rio.
“Tenho muitos amigos que vêm ao Brasil a trabalho ou estudo, ficam algum tempo e compram móveis, mas depois precisam se desfazer rapidamente para viajar e acabavam vendendo tudo muito barato”, conta Molesina.
Foi vendo esta oportunidade que ele resolveu juntar amigos de chegada e partida em um mesmo lugar e fazer a ponte entre os ‘clientes’ interessados.
“Não esperava mesmo que crescesse tanto, mas um foi dizendo para o outro e indicando, quando vi estava enorme.” O mais importante, segundo ele, é que o grupo acaba sendo uma forma de praticar o consumo consciente, além de ser uma fuga para os altos preços brasileiros.
“Aqui tem coisas que acabam saindo realmente muito caras e quando trazemos de fora é muito mais em conta”, afirma, acrescentando que, com a crise, o grupo sofreu um boom, e a dificuldade é regular tantos membros. “A pessoa posta um produto e 15 minutos depois já tem uma fila enorme.”