Por thiago.antunes

Rio - “Temos que sair do verbo para entrar a verba”. Alexandre Cardoso, prefeito de Duque de Caxias, usou a frase acima diversas vezes nesta entrevista para falar da mobilidade urbana e do programa de gestão pública que há dois anos implanta na cidade para diagnosticar a situação da Saúde, da Educação e do meio ambiente.

Ex-secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Cardoso aposta no uso dessa ferramenta para cumprir o que ele aponta como a missão primordial da administração municipal: prestar o atendimento primário na saúde e cuidar da pré-escola e do Ensino Fundamental. Em sua cidade, todas as 88 mil crianças estão no colégio.

'Defendo que tenha uma faixa delimitadora de ônibus na rodovia federal'%2C diz Alexandre CardosoCarlos Moraes / Agência O Dia

O DIA: Atos de vandalismo no Ramal de Saracuruna atrapalharam a locomoção de moradores da cidade com reflexos em outros meios de transporte. Como melhorar a mobilidade em Caxias?

Alexandre: Estamos apresentando à Presidência da República um projeto para compartilhar entre o município e a Agência Nacional de Transportes Terrestres a gestão das estradas federais nos trechos que dividem o município e são rodovias urbanas. E, no caso das rodovias estaduais, reivindicamos que sejam repassadas para o município as estradas que tenham mais de 80% de seu percurso em solo municipal. Aqui em Caxias é a Presidente Kennedy.

E como seria feita essa gestão, prefeito?

Defendo que tenha uma faixa delimitadora de ônibus na rodovia federal. Se tem na Avenida Brasil, por que não pode ter na Washington Luís? As pessoas hoje ficam quatro horas dentro de um ônibus para ir e voltar do trabalho. Quanto à SuperVia, cobramos o fim da baldeação no Gramacho. Apresentamos ao Ministério das Cidades um Plano de Transportes que tem 120 quilômetros de ciclovias, integradas com a ferrovia. A distância média da casa do morador até a estação é de quatro quilômetros.O financiamento será do BNDES, através do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).

O senhor contou que antes de buscar essas mudanças teve que começar a mudar a cultura de gestão da prefeitura...

O grande problema da nossa cidade era não ter organização da infraestrutura. Sabe há quanto tempo não entrava um fiscal auditor tributário novo aqui em Caxias? Há uns 30 anos. Mesmo com toda a crise, ampliamos para 48% a cobertura do Programa de Saúde da Família, pagamos os salários em dia, realizamos concursos para professores, fiscais e auditores, criamos o plano de cargos e salários dos guardas municipais. Isso é uma grande novidade, e a população tem controle dos gastos e da receita através do portal da transparência. E também diminuí o meu salário,dos secretários e dos comissionados.

'Caxias demorou 30 anos para fazer concurso público para auditor e fiscal'Carlos Moraes / Agência O Dia

A Cidade dos Meninos é um grande passivo ambiental da cidade. Ali moram 680 famílias em meio à contaminação por pó de broca...

Vou assinar um convênio com o Ministério da Saúde no dia 11 de novembro para descontaminar a Cidade dos Meninos, que é a área que abraça o Arco Metropolitano. Esse é um passivo ambiental de 60 anos.

Duque de Caxias está entre as principais cidades da Baixada na área de investimentos....

Na verdade, Caxias ocupa o primeiro lugar. Temos que analisar o montante do capital. Na terça-feira, será inaugurado o Atacadão do Assaí, na Avenida Presidente Kennedy, e na quinta-feira, o maior outlet multimarcas do Grande Rio, na Rodovia Washington Luís. Só esses dois empreendimentos somam R$ 400 milhões aplicados na cidade.

E a situação dos ex-catadores de lixo que ainda moram próximos no antigo Aterro Sanitário de Jardim Gramacho?

Estamos fazendo um projeto de educação. Ali, tem três mil pessoas que vivem do lixo, ganham R$ 1.700 por mês e são analfabetos funcionais. Há fornecedores de lixo que jogam o material escondido lá dentro e o tráfico cobra R$ 50. O cara ganha o lixo para trabalhar! Há um conluio entre o fornecedor, o tráfico e o catador. Pela primeira vez acabamos com o transbordo. Para mudar tudo isso, planejamos construir dez galpões de reciclagem, parque e vila olímpica, um piscinão e local para recreação, além de unidade de saúde e o PSF. Vamos beneficiar 50 mil pessoas diretamente.

Qual a avaliação que faz do ensino pré-escolar e fundamental em Duque de Caxias?

Ainda é muito deficiente, até porque você não monta um projeto de vagas em um ano, dois anos. Caxias tinha 174 escolas e 90 estavam interditadas. Fizemos obras em mais de 100, construímos seis escolas novas, mas temos escolas que precisavam ser derrubadas e fazer novas. Há escolas onde não há água porque construíram em locais onde não há água na rua. Você não faz isso em 10 anos. Com três, quatro anos não reformamos todas. Estamos dando dignidade primeiro.

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