Por thiago.antunes

Rio - Em mais um dia de medo, violência e morte em comunidades do Rio de Janeiro, ao menos duas pessoas foram baleadas durante tiroteio entre policiais e criminosos no Morro do Fallet, no Rio Comprido,

Um dos feridos é o estudante Davi Pacheco, de 14 anos, atingido no peito e socorrido para o Hospital Municipal Souza Aguiar. Segundo conta o pai, o operador de máquinas José Roberto Pacheco, 60, ele teve que insistir para que uma ambulância subisse o morro.

"Fui o primeiro da família a chegar. Ele já estava baleado e tinham dez policiais em volta dele, como se fizessem um cerco. Tentaram me barrar, mas falei que era o pai e deixaram. Cheguei a falar: 'Por favor, o moleque está sufocado nessa situação", conta.

Pai diz que PMs impediram socorro a filho baleado no FalletMárcio Mercante / Agência O Dia

"Perguntei pela ambulância e disseram que ela estava 50 metros abaixo. Fui pessoalmente na ambulância e uma capitã estava lá dizendo que o carro não iria subir porque era área de risco, era perigoso. Só que o morro estava todo tomado por policiais. Falei, falei, falei, e a ambulância acabou subindo. Isso foi praticamente omissão de socorro! Se demorasse mais meia hora, meu filho teria morrido", frisou. 

De acordo com o pai, o adolescente foi atingido no peito e a bala saiu pela virilha. O tiroteio ocorreu na Rua Dr. Solidonio Leite. "Foi uma confusão. Eu saí correndo. Além dos tiros, os policiais usaram spray de pimenta e bombas de efeito moral", relatou um morador que não quis se identificar. A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde informou que Davi passou por cirurgia e o quadro dele é grave.

De acordo com a Coordenação de Polícia Pacificadora, policiais estavam em patrulhamento na localidade conhecida como Campo do Capitão, na comunidade do Fallet, quando foram recebidos a tiros por criminosos. Uma pessoa ainda não identificada morreu e Davi foi ferido.

Foram apreendidos na comunidade duas pistolas calibres 9mm e 45, munições, dois radiostransmissores e drogas. A ocorrência foi registrada na 5ª DP (Centro) e o Comando de Operações Especiais (COE) reforça o policiamento na região. A CPP não informou, no entanto, se o morto fazia parte do tráfico de drogas local.

A Polícia Militar diz ainda ter acionado socorro para Davi e para o outro rapaz baleado, afirmando que não houve qualquer impedimento. A corporação disse que permitiu que José Roberto chegasse até o filho. A assessoria da UPP afirmou que, por questão de segurança, a equipe do Corpo de Bombeiros foi orientada pelos policiais sobre o melhor momento para a entrada na comunidade e que não houve nenhum tipo de impedimento ao socorro da vítima por parte da PM.

Reportagem de Marina Rocha e Ricardo Schott

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