Por paulo.gomes

Rio - A mãe do menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, morto durante uma operação da Polícia Militar, em abril, no Complexo do Alemão, falou nesta quarta-feira sobre a conclusão do inquérito. Segundo a Divisão de Homicídios (DH) da Capital, os PMs reagiram em legítima durante um confronto, fato que é contestado por Terezinha Maria de Jesus.

Após a morte de Eduardo, Terezinha e a família se mudaram para o PiauíFabio Gonçalves / Agência O Dia

"Eles atiraram no meu filho em legítima defesa, mas porque seu meu filho estava de costas? Então eu não aceito essa investigação, eu vou lutar e esses policiais terão que pagar a morte do meu filho. Eles terão que ser julgados, condenados e presos. Eu vou lutar com unhas e dentes para isso", disse a mãe da vítima, em entrevista para a CBN.

Eduardo Ferreira estava sentado com o caderno escolar na porta de casa quando foi atingidoReprodução

Nenhum policial envolvido no caso foi indiciado. Segundo afirmou o delegado Rivaldo Barbosa, na tarde de terça-feira, o local onde Eduardo foi morto, conhecido como Areal, é palco de confronto entre PMs e traficantes. E isso foi comprovado pela investigação.

"Os policiais não tiveram intenção de atirar no garoto. Encontramos três estojos de munição para pistolas .40 Glock, que não é usada por policiais. Existem provas e depoimentos que confirmam que haviam traficantes na localidade. O local é tão perigoso que em janeiro deste ano um PM levou um tiro no rosto. Talvez essa conclusão não traga conforto para a família, mas não se pode fazer uma injustiça", diz Rivaldo Barbosa, que teve sua versão contestada pela mãe de Eduardo.

"Não teve confronto no dia da morte do meu filho, é tudo mentira deles. O único tiro que teve foi o que matou o meu filho, esses covardes tiraram a vida do meu filho. A justiça brasileira só vale para três 'Ps': pobre, preto e prostituta", desabafa.

Após a morte de Eduardo, Terezinha e a família voltaram a morar no Piauí. Ela está desde terça-feira no Rio de Janeiro de onde seguirá na próxima semana para Suíça, Inglaterra, Espanha e Holanda, a convite da Anistia Internacional. Ela diz que não pensa em retornar a morar no Rio.

"Eu vou continuar no Piauí, o Rio de Janeiro pra mim acabou. Tudo o que eu tinha e ganhei aqui no Rio eu perdi que foi o meu filho, a minha casa que a prefeitura demoliu e até hoje não me devolveu outra", finaliza.

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