Rio - A mãe do menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, morto durante uma operação da Polícia Militar, em abril, no Complexo do Alemão, falou nesta quarta-feira sobre a conclusão do inquérito. Segundo a Divisão de Homicídios (DH) da Capital, os PMs reagiram em legítima durante um confronto, fato que é contestado por Terezinha Maria de Jesus.
"Eles atiraram no meu filho em legítima defesa, mas porque seu meu filho estava de costas? Então eu não aceito essa investigação, eu vou lutar e esses policiais terão que pagar a morte do meu filho. Eles terão que ser julgados, condenados e presos. Eu vou lutar com unhas e dentes para isso", disse a mãe da vítima, em entrevista para a CBN.
Nenhum policial envolvido no caso foi indiciado. Segundo afirmou o delegado Rivaldo Barbosa, na tarde de terça-feira, o local onde Eduardo foi morto, conhecido como Areal, é palco de confronto entre PMs e traficantes. E isso foi comprovado pela investigação.
"Os policiais não tiveram intenção de atirar no garoto. Encontramos três estojos de munição para pistolas .40 Glock, que não é usada por policiais. Existem provas e depoimentos que confirmam que haviam traficantes na localidade. O local é tão perigoso que em janeiro deste ano um PM levou um tiro no rosto. Talvez essa conclusão não traga conforto para a família, mas não se pode fazer uma injustiça", diz Rivaldo Barbosa, que teve sua versão contestada pela mãe de Eduardo.
"Não teve confronto no dia da morte do meu filho, é tudo mentira deles. O único tiro que teve foi o que matou o meu filho, esses covardes tiraram a vida do meu filho. A justiça brasileira só vale para três 'Ps': pobre, preto e prostituta", desabafa.
Após a morte de Eduardo, Terezinha e a família voltaram a morar no Piauí. Ela está desde terça-feira no Rio de Janeiro de onde seguirá na próxima semana para Suíça, Inglaterra, Espanha e Holanda, a convite da Anistia Internacional. Ela diz que não pensa em retornar a morar no Rio.
"Eu vou continuar no Piauí, o Rio de Janeiro pra mim acabou. Tudo o que eu tinha e ganhei aqui no Rio eu perdi que foi o meu filho, a minha casa que a prefeitura demoliu e até hoje não me devolveu outra", finaliza.