Por paulo.gomes
Espancado até a morte em Ipanema%2C o vendedor de gelo Fabiano Machado da Silva foi sepultado nesta segunda-feira%2C na Baixada FluminenseReprodução
Rio - Três suspeitos de terem agredido até a morte o vendedor de gelo, Fabiano Machado da Silva, de 33 anos, se apresentaram nesta segunda-feira na 74ªDP (Alcântara), em São Gonçalo, na Região Metropolitana. O espancamento aconteceu na manhã do último domingo, em Ipanema, e a vítima foi sepultada hoje à tarde, no Cemitério de Vila Rosali, em São João de Meriti. O homem e duas mulheres prestaram depoimento na Delegacia de Homicídios (DH) da Capital, na Barra da Tijuca, Zona Oeste.
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"Em princípio eles são testemunhas que estão colaborando com a investigação", disse o delegado titular da DH, Fábio Cardoso.
Pierre Virgílio, advogado dos três acusados, disse que seus clientes não tinham a intenção de matar o vendedor de gelo. Ele classifica o caso como uma infelicidade.
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"É importante ressaltar que eles não tiveram nenhuma intenção de causar a morte. Porque na verdade, eles foram vítimas desse episódio. Aquele senhor, o vendedor, infelizmente já com uma barra de ferro na mão tentou covardemente e violentamente atacar uma das minhas clientes. Ela em sua defesa, bem como os populares revoltados com aquela situação, partiram para cima dele. Ninguém ali tinha a intenção de causar a morte. Foi uma infelicidade que ocorreu", disse em entrevista para a Rede Record.
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Fabiano Machado foi morto no último domingo, ao ser agredido em Ipanema por diversas pessoas. Na sequência registrada pelo circuito de segurança, é possível ver o vendedor discutindo com duas mulheres, que passam com um grupo de cerca de dez pessoas. Em seguida, ele pega uma barra de ferro e ameaça uma das mulheres, que sentou em um banco. Ela consegue tomar a barra da mão de Fabiano e o agride.

Agressores espancaram vendedor até a morte em Ipanema%2C na Zona SulReprodução Vídeo / TV Globo

O grupo que acompanhava a mulher volta e começam a agredir o vendedor, que tenta fugir entrando no caminhão, mas é retirado pelos agressores do veículo e espancado até a morte. Depois um dos agressores usou o celular de Fabiano e enviou mensagens aos familiares. O teor das mensagens causou revolta pela frieza de quem escreveu.

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"Cara, ele deve tá muito mal no hospital de tanto que ele apanhou", escreveu o agressor. A sobrinha, sem ainda perceber do que se trata, pergunta se ele irá na casa dela. A pessoa que está em posse do celular segue enviando novas mensagens. "Pelo abuso dele", "Apanhou não foi pouco, não."
Agressor avisa em grupo da família no WhatsApp que espancou vendedor em Ipanema. 'Deve tá morto' Imagens / Arquivo pessoal

A sobrinha de Fabiano, estranhando o conteúdo enviado no grupo da família no WhatsApp, pergunta quem é que está falando, recebendo a cruel resposta. "O cara que bateu nele. Avisa logo a família. Que ele deve tá morto", e justifica. "FDP abusado, mexe com a mulher dos outros. E ainda vai querer dá uma de f..., se f...", disparou.

Comissão de Defesa de Direitos Humanos condena linchamento

A Comissão de Defesa de Direitos Humanos da Câmara Municipal do Rio de Janeiro (CDDH) emitiu uma nota oficial nesta segunda-feira, condenando o linchamento e morte do vendedor de gelo. O comunicado diz que "independente das supostas acusações que pairam sobre o ambulante, que devem ser apuradas com rigor pela Delegacia de Homicídios, o fato demonstra que caminha-se para a barbárie quando desentendimentos interpessoais são resolvidos com espancamentos, linchamentos, torturas, 'incendiamentos' ou assassinatos com armas".

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