Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - Suspeitos de torturar, roubar, ameaçar e humilhar cinco jovens de uma favela em Santa Teresa, região Central do Rio, na madrugada do dia 25, oito PMs da UPP Coroa/ Fallet/Fogueteiro foram soltos nesta segunda-feira. A Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) informou que eles já cumpriram a prisão administrativa de 72 horas e serão transferidos para outra unidade para trabalharem no serviço interno.
Ainda segundo a nota, o Inquérito Policial Militar (IPM), que apura denúncias contra os policiais, está em andamento.
Jovens mostram os ferimentos que teriam sido causados pelos policiaisAlexandre Brum / Agência O Dia

No domingo, uma outra jovem prestou queixa contra os policiais na delegacia.Durante a madrugada de terror, eles teriam atirado num casal que estava voltando para casa. Uma mulher foi atingida de raspão no rosto e levou 20 pontos. Com medo de represálias, a jovem apenas contou que é moradora do Morro da Mineira e estava passando pelo Catumbi de moto, no Natal. E que o namorado decidiu desviar da patrulha porque viu os PMs agredindo um rapaz.

Ela disse que não houve qualquer aviso de parar e os PMs atiraram de repente. Depois de sair do hospital, ela foi registrar queixa e encontrou outros cincos jovens, que também moram na região e disseram que foram vítimas dos policiais.

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Os rapazes têm entre 13 e 23 anos. Na delegacia, disseram que estavam numa festa no Morro Santo Amaro, no Catete, Zona Sul. Quando voltavam para casa em três motos pararam numa blitz da PM na Rua Prefeito João Felipe, em Santa Teresa.
Para o diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança, Vinicius Domingues Cavalcante, o projeto das UPPs só errou ao acreditar que traficantes deixariam suas comunidades após as ocupações.
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“A criminalidade iria se reinventar e isso vai desgastando a imagem e a paciência dos policiais. O tráfico emprega operações psicológicas e usa essa estratégia contra os PMs, que perdem a confiança da população”, comentou.
Ainda segundo ele, os policiais precisam passar por um curso de reciclagem. “Estão usando táticas de guerrilha. Temos que mudar isso e mostrar quem são os criminosos, trazer os moradores para o lado deles. Não vemos mães de jovens denunciarem traficantes.”