Alegrias à parte, turistas reclamaram muito do custo do Rio. Até mesmo os gringos, que esperavam vida de rei com a desvalorização de 48,3% do real em 2015, caíram do pedestal.
De Santa Fé, a argentina Natalia Bosio também reclamou dos preços. “Amo o Rio, a cidade é linda, mas até o transporte público é caro, na praia então...”, disse ela, referindo-se aos preços salgadíssimos da cadeira de praia (R$ 10), cerveja (R$ 6) e o coco, por absurdos R$ 8.
Se é caro para quem vem de fora, imagina para quem vive do real. “Queria ir para o Caribe, mas o preço era muito alto, por causa do dólar. Vim porque tenho família aqui, mas tudo é inflacionado”, reclama o paulista Vicente Garcez. A maioria dos vendedores da orla também está insatisfeita. “É o pior réveillon dos últimos três anos. A margem de lucro caiu bastante com o preço da canga atrelado ao dólar”, lamentou Fábio Santana.
Já os donos de barracas da orla comemoravam. “Um gringo gasta de R$ 50 a R$ 70. Não tenho do que reclamar”, garantiu Rodolfo Chiarini, que trabalha em Copa.
Mas nem o custo, às vezes surreal, diminui a paixão pela cidade. “Se você procurar no Google ‘melhor Réveillon do mundo’, encontra o Rio, um lugar incrível com diversidade de gente e estilos”, elogia o paulista Fulvio Brigo.
Não por acaso, este ano o Rio recebeu 20,36% mais visitantes que em 2011, considerado o melhor Réveillon da cidade. Esse novo recorde trouxe R$ 2,6 bilhões para a economia local, 30,41% superior ao de quatro anos atrás, segundo a Riotur.
Na favela, o outro Rio
Para evitar que o melhor Réveillon do mundo se transformasse em pesadelo, o casal francês radicado em Santiago (Chile) Mustapha e Leila Mimoune contratou por uma semana os serviços de uma agência de turismo voltada para turistas do exterior. O pacote, que custou 2 mil euros, inclui aluguel de um apartamento de dois quartos em Ipanema, transporte e visitas guiadas. Tudo para desvendar a alma carioca. Ao lado do jornalista e guia internacional Gilles Bertuzzi, subiram o morro sem medo. “Quando contamos a amigos que fomos ao bar de uma comunidade, nos chamaram de loucos. Exageram muito sobre a violência no Rio”, garante Mustapha, que não mudou de ideia nem após presenciar um assalto em Ipanema. “Depois disso passei a andar com uma cópia dos documentos, mas o Rio é incrível. Estamos adorando”.
Violência não freia turismo
Nem a sensação de aumento da violência na cidade diminuiu a taxa de ocupação dos hotéis da orla ddo Rio, que chegou a 97%, segundo a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira-RJ.