Por tiago.frederico
Rio - Entre outubro e novembro de 2015, o secretário executivo de coordenação de governo da prefeitura do Rio, Pedro Paulo Carvalho (PMDB), viveu um inferno particular: foram sucessivas denúncias feitas pela imprensa de agressões cometidas por ele contra a ex-mulher Alexandra Marcondes Teixeira. Entre explicações e cobranças, ele quase desistiu de se lançar na disputa pela prefeitura nas eleições deste ano. Mas o plano, defendido sobretudo pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB), não foi esquecido, e agora, a pouco menos de dez meses das eleições, Pedro Paulo é a principal figura da administração municipal. Com a grave crise da saúde, o supersecretário ressurge e tenta fixar uma imagem de bom gestor público junto ao carioca.
Em pleno Natal, dia 25 de dezembro, Pedro Paulo visitou três hospitais da rede pública: o Miguel Couto, Lourenço Jorge e Albert SchweitzerMaíra Coelho / Agência O Dia

De muletas por conta de uma fratura no pé, o prefeito Eduardo Paes chegou amparado à inauguração do Complexo Esportivo de Deodoro, há duas semanas. Respondeu rapidamente três questões de jornalistas, e logo passou a bola para Pedro Paulo, quando perguntado sobre os problemas na saúde pública e o papel da rede municipal. “Olha só, o secretário Pedro Paulo vai coordenar esse trabalho. Vou pedir para ele dar as informações. Ninguém quer saber nada sobre o Parque Olímpico não?”, indagou o prefeito, dando a senha para seu braço direito assumir o protagonismo na crise da saúde.

Naquele dia, Pedro Paulo explicou como seria o empréstimo de R$ 100 milhões da prefeitura para ajudar o estado a manter em funcionamento o hospitais Albert Schweitzer e Rocha Faria. Depois, percorreu o Complexo Olímpico de Deodoro, conversou com moradores da área à beira das novas piscinas, engatando a marcha da campanha eleitoral.

Desde então, Pedro Paulo foi para a linha de frente do problema. No dia 25 de dezembro, trocou o almoço de Natal pela vistoria em hospitais da rede pública. E, nesta semana, foi o responsável pela explicação de como a prefeitura pretendia municipalizar os hospitais Albert Schweitzer e Rocha Faria, em coletiva no Palácio Guanabara.
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Depois de falar sobre a importância dos hospitais e enumerar realizações de seu mandato na área da saúde, Paes deu a deixa ao ser perguntado sobre o custo da administração dos hospitais. “O secretário Pedro Paulo vai responder as perguntas, vou deixar ele falar”, afirmou, dando por encerrada sua participação na coletiva, saindo de cena acompanhado do governador Luiz Fernando Pezão.
Ex-mulher denunciou secretário
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Pedro Paulo foi alvo de denúncias de agressão à ex-mulher Alexandra Marcondes, de acordo com duas ocorrências registradas por ela, em 2008 e 2010.
A primeira trata de uma briga do casal em fevereiro de 2010. Segundo boletim de ocorrência feito por Alexandra, ela voltou mais cedo de uma viagem e encontrou roupas íntimas femininas no quarto do casal. Cobrou explicações do então marido, que ficou irritado, jogou-a no chão e passou a agredi-la. Em entrevista, no início de novembro, Pedro Paulo alegou tratar-se de ‘"um episódio isolado”.
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Dias depois, no entanto, foi revelada mais uma agressão, ocorrida em 2008, em São Paulo, e também registrada por Alexandra na Polícia. Desta vez, acompanhado da ex-mulher, Pedro Paulo declarou: “Quem nunca teve uma briga dentro de casa?”.