Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Estado do Rio, com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), prendeu, na manhã desta sexta-feira, Rozan Gomes da Silva, ex-prefeito de Magé, em cumprimento a mandado de prisão preventiva. A operação "Terra Prometida" visa cumprir outros quatros mandados, incluindo contra o também ex-prefeito Anderson Cozzolino, também ex-presidente da Câmara de Magé, e o ex-secretário de Obras da cidade, Jefferson de Oliveira. Eles são acusados dos crimes de fraude em licitação, peculato, corrupção ativa, coação, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. 
Rozan Gomes (pólo azul e amarela) foi preso em cumprimento a mandado de prisão. Denúncia do MP aponta fraudes durante sua gestão na prefeitura de MagéSeverino Silva / Agência O Dia

De acordo com o MP, 13 pessoas foram denunciadas e a operação também cumpre 24 mandados de busca e apreensão. Segundo a denúncia, houve fraude em um procedimento licitatório em 2009 para a locação de maquinário com operador para a Prefeitura de Magé.

O processo foi vencido pela FFM Terra Locadora de Veículos e Máquinas Ltda., que vem a ser de propriedade de Anderson Cozzolino, na época presidente da Câmara. A empresa era representada pelos “laranjas” Fábio Figueiredo Morais e Fabiana Dias Fernandes, que também foram denunciados. Durante a licitação, a “concorrente” da FFM era a empresa de fachada Ambiental do Futuro Soluções e Serviços de Limpeza e Locações Ltda., constituída por empregados dos postos de gasolina da família Cozzolino. Desta empresa, foram denunciados Renato Alem Cozzolino e Jane Cozzolino.

De acordo com o MP, a FFM Terra foi contratada pelo valor de R$ 22,4 milhões, mesmo contando apenas com R$ 100 mil de capital social, 17 empregados e dois anos de constituição. Já a Ambiental do Futuro, embora participante da licitação, nunca teria existido.

O ex-prefeito de Magé Rozan Gomes foi preso durante operação Terra Prometida. Outro ex-prefeito também teve seu mandado de prisão decretadoSeverino Silva / Agência O Dia

Rozan e Jefferson desviaram cerca de R$ 18 milhões dos cofres públicos durante o ano de 2010, com autorização de pagamento da locação de maquinário e veículos desnecessários ao município. Notas fiscais foram fraudadas e as medições assinadas por funcionários da Secretaria municipal de Obras também foram forjadas.

Para cobrirem as irregularidades, Rozan e o ex-secretário de Obras Jefferson de Oliveira nomearam o motorista e o encarregado da secretaria de Obras (respectivamente tio e sobrinho) para atuarem em uma “comissão de fiscalização da locação dos equipamentos e comprovação das despesas”, mesmo sem nenhuma qualificação técnica. Eles foram contratados em cargos em comissão, que deveriam ser preenchidos por meio de concurso público, e receberam aumento de salário de cerca de um terço do valor original.

Ainda de acodo com a denúncia, o motorista e o encarregado ainda foram ameaçados por Anderson, Jefferson e pelo empresário Fábio de Figueiredo Morais e de Oliveira, também denunciado, de perderem o emprego, o que fez com que fossem em cartório retificar declaração prestada no dia anterior, que os incriminava. A operação teve a participação de oito promotores de Justiça e de 83 agentes em 30 viaturas da Coordenadoria de Segurança e Inteligência do MPRJ (CSI/MPRJ).