Por gabriela.mattos
Rio - Apontado como um dos assassinos dos dois motoristas de uma cooperativa de táxi executivo, que foram sequestrados e mortos na noite de domingo no Complexo do Chapadão, em Costa Barros, teve a prisão temporária decretada nesta quinta-feira. Paulo Henrique Luiz Santos, o Tilé, de 25 anos, está internado em estado grave sob custódia no Hospital Salgado Filho, no Méier. Ele deu entrada na unidade com um tiro no tórax.

Os corpos do cabo do Exército Jorge Fernando Souza e do ex-paraquedista Cleiton Felipe Massena de Souza ainda não foram encontrados. Uma das vítimas teria se recusado a transportar um traficante e em retaliação, foram executados.

O caso acendeu o sinal de alerta entre taxistas. Muitos também se tornaram vítimas de traficantes e acabaram sendo obrigados a transportá-los para favelas do Rio. Há 15 dias, o taxista Calos Moraes, de 49 anos, passou por momentos de terror ao transportar quatro traficantes do Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, para o Morro da Galinha, em Inhaúma. “Deixei um passageiro no Juramento e quando ia retornar, quatro bandidos armados de fuzis e metralhadoras me pediram um ‘bonde’ e não tinha como negar. Fui intimidado. Se recusasse, poderia ter acontecido algo pior.”

Segundo ele, ao avistarem uma blitz da Polícia Militar, na Avenida Automóvel Clube, os traficantes engatilharam as armas. “Se parasse iriam metralhar os policiais”, disse o taxista. Segundo taxista, o bando fez questão de pagar pela corrida.

Já o também taxista Antônio Ribeiro, 40 anos, há quatro anos foi obrigado a transportar dois bandidos com drogas do Jacaré para favela no Grajaú. “É horrível enfrentar uma situação dessa”, lamentou.

Cabo do Exército%2C Jorge Fernando Souza%2C de 30 anos%2C foi assassinado após ser torturado por traficantes da Favela Gogó da EmaReprodução Facebook

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Elias Souza, pai de Jorge Fernando, diz que eles trabalhavam como taxistas em um ponto no Village Pavuna, na Zona Norte, e foram pegos por se recusarem a transportar traficantes em fuga. "Durante uma operação policial no domingo à noite, os bandidos deram uma ordem para que os taxistas os retirassem da comunidade. Não foi a primeira vez que isso aconteceu. O meu filho e outros recusaram a ordem e eles levaram os motoristas a um determinado local do Chapadão. Balearam três. Um sobreviveu e outros dois morreram", diz.
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O presidente do Sindicato dos Servidores do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), João Luiz Rodrigues, contou que o agente levou coronhadas na cabeça e nas costas, depois rolou uma ribanceira e caiu na rede de esgoto, onde se escondeu por sete horas.
"No momento da queda, cerca de dez bandidos atiraram contra ele, mas não foi atingido por sorte. Ele se escondeu no córrego de esgoto porque conhecia o local, já que mora perto dali. Ele ficou cerca de duas horas em poder dos traficantes. Está apavorado", disse o presidente.
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Cleiton trabalhava atualmente como motorista de um carro particular e trabalhava há sete meses no Chapadão. A família contou que o jovem recebeu uma ligação na madrugada de domingo para ir à comunidade. Durante a noite, a namorada de Cleiton desconfiou da demora do retorno dele e mandou uma mensagem no WhatsApp perguntando se ele queria que chamasse a polícia.
"Os traficantes concluíram, então, que ele era informante mesmo", acrescentou um dos familiares, que contou que o carro do ex-paraquedista, um Fox preto, ainda não foi encontrado.