Por gabriela.mattos
Rio - Os casos de microcefalia ligados ao Zika vírus deixaram em alerta também as entidades que cuidam de portadores da doença como a Associação de Pais e Amigos do Excepcionais do Rio (Apae Rio) e da Associação Pestalozzi Niterói. Os responsáveis afirmam que não terão condições de atender a demanda que está por vir se não tiverem apoio financeiro do governo. Com isso, elas temem que esse bebês fiquem sem o devido tratamento. Só no Rio há suspeita de 198 casos de microcefalia provocados pelo Zika vírus. No Brasil são 3.670 casos suspeitos e 404 confirmados.
“Sabemos que essa demanda será grande e virá de uma só vez, então não teremos como dar conta se não tivermos mais dinheiro. Essa situação nos preocupa muito. O que está acontecendo é uma atrocidade e uma irresponsabilidade”, avalia a gestora da Apae Rio, Tânia Athayde.
Luiz Philipe é estimulado pelos pais enquanto aguarda o tratamentoDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

A coordenadora técnica da Pestalozzi e professora, Jussara da Silva Freitas, se antecipou ao problema e está em fase final de um programa feito por sua equipe para atender os futuros casos de microcefalia. Os números, no entanto, não são nada animadores. Segundo ela, o projeto prevê a avaliação de apenas mais 16 bebês por mês.

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“Infelizmente, com as condições que temos hoje, só conseguimos chegar a esse número, mas a procura será muito maior e se, não tivermos apoio do poder público, nada poderemos fazer e isso nos entristece”, lamenta ela.
O projeto desenvolvido pela Pestalozzi será enviado à Secretaria Estadual de Saúde. Para Jussara, é preciso que os hospitais públicos estejam preparados para encaminhar o paciente às instituições, o que, segundo ela, não tem acontecido.
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“Para atendermos é preciso ter encaminhamento do SUS. Infelizmente, a fase hospitalar não tem sido feita corretamente. Se não houver melhora nessa parte, muitas crianças vão deixar de se tratar”, alerta Jussara.
A partir do dia 13, 71 mil militares das Forças Armadas estarão em 30 cidades do Rio atuando no combate aos criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e do zika.
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Associação Pestalozzi de Niterói se ofereceu para tratar do pequeno Luiz
A coordenadora técnica geral da Associação Pestalozzi de Niterói, Jussara Sílvia da Silva Freitas, disse que a instituição está pronta para receber o pequeno Luiz Philipe, que nasceu no fim de 2015 com microcefalia, conforme o DIA noticiou nesta quarta-feira.
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O neném, que mora com os pais em Maricá, a 60 quilômetros da capital, precisa iniciar, o mais rápido possível, a terapia de estimulação precoce, para reduzir as sequelas causadas pela microcefalia. Enquanto ainda não recebe atendimento, a mãe do bebê, Pollyana Rabello, estimula o filho com alguns exercícios.
Luiz Philipe será tratado no Centro de Estimulação Precoce, destinados a bebês de 0 a 3 anos. A equipe é formada por fisioterapeutas que trabalham a parte motora e respiratória, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais e médicos ortopedistas e psiquiatras.
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Além da falta de recursos, Jussara critica a morosidade do poder público para encaminhar pacientes. “No posto de saúde, a demora é de dois a três meses só para marcar a consulta. O encaminhamento tem que ser precoce”.
O caso de Luiz Philipe comoveu o Rio. Muitas pessoas demonstraram intenção de ajudar o menino, que é de família muito pobre. “Temos recebido muitas fraldas e leite em pó. Acho que temos estoque para pelo menos um mês”, contou o taxista de Niterói, Fabiano Vieira, responsável por recolher os donativos e encaminhá-los à família do menino. Além de fraldas e leite, a família precisa de ajuda para levar Luiz Philipe às consultas no Instituto Fernandes Figueira, no Flamengo. Quem puder contribuir com donativos, poderá fazer a entrega no Posto BR, que fica na esquina da Rua Tiradentes com Visconde de Moraes, no Ingá, em Niterói. Se preferir auxiliar em dinheiro, o depósito de qualquer quantia deverá ser feito na conta poupança da tia de Pollyana, Alciméia Soares de Oliveira, CPF: 022.391.277-83, na Caixa Econômica Federal (agência 1244, conta 013013 45234-9).
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?Colaborou Wilson Aquino