Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - Que bom que o Carnaval existe. Que bom que é a festa popular mais importante do país, que bom que mexe com a gente, com as nossas emoções e nossos sonhos. Que bom que envolve a gente e deixa sua marca nas nossas vidas. Que bom que existiu o Desfile das Escolas de Samba deste ano. Não posso deixar de falar dele.
Ok, eu sei que todo mundo diz a mesma coisa quando desfila na avenida: foi uma emoção incrível, impossível de descrever com palavras. Nem vou tentar ser original. Foi exatamente isto. Desfilar na Marques de Sapucaí, homenageando Bethânia com a Estação Primeira de Mangueira foi muito especial. Quando o carro vira a esquina, deixando a concentração e encontrando o povo na primeira arquibancada, a gente sente a pulsação da avenida , arrepia de prazer.
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Daí pra frente só magia, coração descontrolado, batendo forte, sangue correndo acelerado pelas veias e um buraco no estômago. Nada, nem o cansaço de ter andado até a concentração, nem as dores que os ossos insistem em me impor no dia a dia, nada, mas nada mesmo importou. Ali, naquele momento, entendi perfeitamente porque tanta gente se esquece dos problemas do cotidiano no carnaval. Porque desfilar ali, cantar ali, ser feliz ali faz a gente esquecer a realidade da vida e do país. É uma felicidade plena.
Na avenida do Carnaval, você não vive só a sua emoção, você sente também a emoção dos outros componentes, das outras escolas. Apesar de ser concorrente, a beleza da festa se sobrepõe á disputa. Para mim, especialmente este carnaval teve um sabor de um reencontro. Com o desfile na avenida, com as grandes figuras do samba, com o Mauricio Matos, o Senhor Carnaval, com a força e o empenho da família Abrahão David na inquestionável perfeição da Beija Flor, com a força da furiosa do Salgueiro, com o novo momento da Portela, com a alegria da Ilha, e vai por aí...
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Difícil escolher a melhor. Claro que, para mim, foi a Mangueira. Por nada deste mundo eu aceitaria julgar um desfile destes. O coração e emoção podem comprometer a escolha e impedir a lucidez. Há muitas diferenças entre a alma de uma escola e outra, e nestas diferenças, os diferentes Brasis, como escreveu Josué de Castro. É como se cada escola, a seu modo e a seu jeito, mostrasse um pedaço do país.
Mas este ano, com Bethania, a nação mangueirense viveu momento raro, especial. Pelo belo carnaval criado pelo Leandro Vieira, mas principalmente por conta da homenageada Maria ,coerentemente Mangueira. Obrigada à Bethania, de Santo Amaro, por ser a cantora comprometida com a boa musica brasileira, com as nossas raízes ,com a nossa historia. Obrigada pela decência com que conduz sua carreira e seu trabalho. Obrigada Bethania por me convidar para fazer parte da sua festa. Os muitos Brasis também agradecem.