Confira a entrevista do prefeito eleito de Nova Friburgo, Johnny Maycon
Confira a entrevista do prefeito eleito de Nova Friburgo, Johnny MayconPaula Valviesse
Por Paula Valviesse
Eleito prefeito de Nova Friburgo com 22.777 votos, Johnny Maycon (Republicanos) segue cumprindo com o seu mandato de vereador enquanto organiza a transição do governo. Em entrevista concedida ao jornal O DIA, o próximo prefeito fala um pouco sobre as preocupações em função da pandemia de Covid-19, ações e medidas que serão tomadas em sua administração e sobre como irá escolher o seu quadro de secretários.

Johnny Maycon tem 35 anos, é casado, pai e está na vida política desde 2012, quando se candidatou pela primeira vez ao cargo de vereador, mas ficou na suplência. Em 2016 se candidatou novamente, sendo eleito por quociente partidário. Na Câmara, ele preside as Comissões Permanentes de Apoio aos Servidores Públicos (CASP) e dos Direitos da Criança, do Adolescente e da Juventude (CDCAJ).

Como foi receber a notícia sobre a vitória? Onde você acompanhou a apuração, uma vez que percorreu as ruas do centro da cidade logo que terminou a apuração?

Eu estava em Olaria, com alguns amigos, acompanhando a apuração. Na primeira parcial nosso coração acelerou, algumas pessoas começaram a pegar os recibos das urnas em diversas localidades e disseram: “Johnny você ganhou”. Eu falei que não, que não tinha como afirmar isso ainda, somente com a apuração final. Durante a apuração segui para o centro, para a sede do TRE-RJ logo após chegarmos saiu o resultado de que havíamos vencido.
Agradecemos a Deus e vieram muitas pessoas ao nosso encontro, muitas até então desconhecidas, que confiaram o voto na gente, que acreditaram e cujos corações estão cheios de esperança por uma Nova Friburgo melhor. Foi um momento de muita emoção. Deus sabe o porquê de eu estar na política e quais são as intenções do meu coração, eu amo essa cidade e quero que a coisa dê certo.

Por causa da pandemia, temos inúmeras situações, até para o governo, que serão muito diferentes no próximo ano. Qual será o seu maior desafio, a economia ou a saúde?

Os dois, porque a saúde depende da economia. A gente vai ter uma dificuldade muito grande, porque várias famílias que tinham plano de saúde, por conta da pandemia que está gerando essa crise econômica, não terão mais condições de pagar por esse benefício, então, automaticamente, essas famílias vão migrar para a rede pública municipal, aumentando a demanda. E, por conta dessa crise econômica, a gente vai diminuir a receita. Vamos precisar de uma gestão com austeridade, uma gestão que corte na carne o que tem que cortar, justamente para tratar o dinheiro do povo friburguense com honestidade e aplicá-lo com responsabilidade.

Você também precisa da Câmara de Vereadores ao seu lado para fazer as mudanças necessárias. Como você enxerga essa nova composição, com dez reeleitos e onze novos parlamentares?

Com relação à Câmara, a gente sempre vai buscar ter um diálogo permanente. Vamos visitar frequentemente a Câmara de Vereadores para prestar esclarecimentos, mostrar a realidade dos fatos. Com todo respeito, infelizmente essa foi uma falha do atual chefe do Executivo, que nunca foi até a Câmara para prestar esclarecimentos para a sociedade friburguense, e isso é até um desrespeito com o poder Legislativo. A gente vai evitar qualquer tipo de atrito, a gente quer ouvir as ideias, sugestões e proposições apresentadas pelos vereadores.
Nós tivemos mais de 50% da Câmara renovada, isso é muito positivo, mas esperamos sinceramente que essa renovação seja principalmente de mente e de posicionamento, porque o poder Legislativo e o poder Executivo são independentes, eles têm que caminhar em consonância com aquilo que é o melhor para a sociedade. Espero que o poder legislativo cumpra o seu papel de legislar e fiscalizar com excelência o Executivo, mostrando aquilo que estiver errado, irregular e que precisa melhorar para a gente tomar todas as medidas de proteção ao erário e garantir um serviço público digno e de qualidade.

Sobre os eleitos, como você espera que seja a base colaboração com a Prefeitura?

Isso depende muito do posicionamento, do interesse de cada vereador. Por exemplo, já tem vereadores que têm nos procurado manifestando apoio, outros já tem uma sinalização de que não vão seguir esse mesmo rumo, mas não posso afirmar isso. Uma coisa que a gente deixou claro é que não vamos ter o toma lá dá cá, a gente não aceita indicações de quem quer que seja, justamente porque os poderes são independentes e o papel do Legislativo não é esse, não é colocar gente dentro da prefeitura para exercer o tráfico de influência para conseguir vantagens. O papel do Legislativo é legislar e fiscalizar.
Esperamos que os vereadores, cada um na sua individualidade, possam contribuir para uma cidade melhor. Porque, assim, vamos evitar atrito, vamos evitar qualquer tipo de problemas, mas se tiver que enfrentar a Câmara com autenticidade, com verdade, chamando uma coletiva de imprensa para mostrar o que está acontecendo, assim o faremos.

Como você vê a evolução da pandemia, especialmente sobre essa possível segunda onda de contágio? Como espera gerenciar isso com relação ao número de leitos e ao Hospital Municipal Raul Sertã?

Primeiro a gente pede a Deus e torce para que não tenhamos uma segunda onda em Nova Friburgo e nem no Brasil. Mas vamos estar preparados para tomar todas as medidas. No início as dificuldades vão ser extremas, vamos herdar uma estrutura do atual modelo de gestão, que, infelizmente, não está dando certo e a população demonstrou isso nas urnas.
No entanto, quero tranquilizar a população, porque nosso mandato vai ser muito proativo, vamos estar dentro do Raul Sertã, da Maternidade e demais equipamentos públicos justamente para identificar as falhas, os erros e promover as mudanças que forem necessárias.

Sobre o reajuste salarial dos servidores, que é uma de suas promessas de campanha, já existe um processo em tramitação na Câmara. Como isso influencia no seu planejamento?

Primeiro quero mais uma vez reafirmar o compromisso que o servidor não vai ganhar menos de um salário mínimo no seu contracheque. Sobre o projeto, ele foi encaminhado às portas das eleições e não antes porque, segundo o nosso Regimento Interno, todo Projeto de Lei que vá impactar o funcionalismo público municipal tem que ter pelo menos três audiências públicas. Então, muito provavelmente não tem nem como votar esse projeto esse ano, estamos numa pandemia ainda e eu estando como vereador não vou aceitar em hipótese alguma que esse projeto seja levado para discussão e votação sem antes ser amplamente discutido com a sociedade.
Como prefeito não vai ser diferente, a gente vai discutir com a sociedade, analisar de forma minuciosa esse projeto para saber como ele foi formatado, se atende as expectativas dos servidores e também se atende um dos quesitos principais, que é a viabilidade financeira. Não podemos ser irresponsáveis ao aprovar um projeto que vai se transformar numa lei para depois o município não ter condições financeiras para arcar com as suas responsabilidades. Tudo isso tem que ser analisado com muito cuidado, vamos fazer de forma coletiva, de forma participativa.

Nestas últimas semanas, as chuvas causaram problemas em vários bairros de Nova Friburgo. Como você avalia essa situação e quais medidas serão tomadas no seu governo?

Nós vamos investir em uma melhor estrutura para a Defesa Civil para dar toda a assistência necessária, tomar todas as medidas preventivas, com suporte técnico. Para ter uma ideia, a última previsão orçamentária para a Defesa Civil durante um ano inteiro foi em torno de R$ 720 mil e a folha de pagamento é superior a R$ 500 mil, ou seja, sobrou, R$ 200 mil para uma secretaria que deveria ser uma das mais importantes em Nova Friburgo.
Além disso, vamos fazer estudos minuciosos com relação a essas situações pontuais que temos em Conselheiro, no Centro, principalmente na Rua Farinha Filho, fazer todos os levantamentos, estudos técnicos e de impacto financeiro para gradualmente, de forma progressiva começar com intervenções de infraestrutura.

Mas nesse início tem alguma medida imediata que possa ser tomada para minimizar essa situação, principalmente a questão dos alagamentos?

O que vamos fazer imediatamente são as limpezas dos bueiros por meio da Secretaria de Serviços Públicos, porque fazendo a limpeza melhora a fluidez da rede pluvial. A gente observa que a rede pluvial de Nova Friburgo precisa ser redimensionada, é de décadas atrás, não comporta mais todo esse volume, inclusive ao longo dos últimos anos foram feitas muitas pavimentações asfálticas em altos de morro, sem qualquer tipo de planejamento para que tivesse um escoamento da água sem impactar nas regiões mais baixas da cidade.

Como você planeja a volta às aulas no ano que vem?

Com relação a volta às aulas vamos ter um debate com as instituições de um modo geral, mas sempre obedecendo o que for devidamente fundamentado pelos órgãos sanitários. Jamais serei irresponsável a ponto de desobedecer uma orientação sanitária. Se os órgãos sanitários afirmarem que podem retornar às aulas em determinado mês, vamos seguir essa fundamentação, porque eles vão elencar uma série de parâmetros que justificarão o retorno. Tem que fazer uma avaliação.

Como será a composição do seu governo, já tem algum nome definido para o quadro de secretários?
Nós temos alguns nomes, estamos tendo reuniões para escolha de outros. Posso adiantar que boa parte dos nomes são servidores de carreira. A cultura da política brasileira, a qual vamos na contramão, é a seguinte: firma-se uma coligação e o partido X indica um secretário, o partido Y, outro, e ainda tem os empresários que querem interferir para colocar alguém. Mas no nosso governo não tem isso, estamos ouvindo os servidores, as pessoas que atuam nas áreas, elas estão mostrando quem são as pessoas mais indicadas para assumir as secretarias. Isso é algo inédito, estamos sendo o mais democratico possível com a intenção de errarmos menos.
Sabemos que vamos errar, que vamos ter falhas, se necessário vou pedir desculpas a população e acertar o que estiver errado, mas quanto mais a gente ouve as pessoas e os segmentos menor a probabilidade de falhas. Além disso, estamos começando a valorizar o funcionalismo público municipal já neste processo de transição.


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