Integrantes do projeto animam a emergência pediátrica do Hospital da Posse - Tarcila Viana / Divulgação PMNI
Integrantes do projeto animam a emergência pediátrica do Hospital da PosseTarcila Viana / Divulgação PMNI
Por O Dia
Nova Iguaçu - Uma turma do Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI) não quer saber de tristeza. Quando o desânimo começa a tomar conta de seus pacientes por causa de seus tratamentos, a turma de palhaços de uma das maiores emergências da Baixada Fluminense entra em ação e injeta alegria e disposição no local, transformando a realidade dos pacientes, amenizando a dor e substituindo as lágrimas por sorrisos.

Nesta terça-feira, dia 10, data em que se comemora o Dia do Palhaço, nada mais justo que homenagear esses artistas do riso, que há mais de seis anos oferecem um atendimento lúdico, cênico e humanizado para crianças, adultos e até funcionários do HGNI. Essa trupe faz parte do Projeto Alegria, da Capelania Hospitalar.

“A figura do palhaço é o retrato da humanização do atendimento em um hospital que está sempre superlotado”, afirmou o diretor geral do HGNI, Joé Sestello. “Para as crianças, a presença do palhaço diminui o medo da injeção, da medicação, do exame e até mesmo de uma cirurgia, trazendo alegria e tentando misturar um pouco de cultura e divertimento com esses personagens".
Ele observou que o adulto também é impactado pela ação dos artistas."Causa no adulto é a sensação de acolhimento e bem estar, de um pensamento positivo para estes pacientes que ficam ansiosos”.

Liderados pela Beloka, uma das primeiras integrantes do projeto, os palhaços roubam a cena nas enfermarias e no CTI, pelo menos duas vezes na semana, às quartas, domingos, e em dois sábados por mês, levando brincadeiras, músicas, palavras de esperança e fé.
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Mas não é simplesmente visitar. Eles avaliam a melhor estratégia para se aproximar, sem desrespeitar a vontade do paciente, e, quando conseguem aquele sorriso, praticamente ganham o dia.

“É um desafio. Não tem um dia igual ao outro, mas é uma sensação maravilhosa entrar na enfermaria, interagir, cantar uma música e valorizar o paciente. Se ele estava abatido e triste, logo depois que chegamos ele começa a sorrir. É muito gratificante”, diz Cláudia Beatriz Alves da Silva.
Aos de 55 anos, ela interprete da palhaça Beloka. “Eu acho que a gente recebe muito mais carinho e gratidão do que oferecemos”, avaliou.

O projeto com palhaços surgiu no HGNI em 2009 e desde então já recebeu mais de 200 voluntários. No começo, estes personagens eram conhecidos como recreadores. Quatro anos depois, eles vestiram um nariz vermelho e levaram a figura do palhaço aos corredores do hospital.
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Atualmente, a Capelania Hospitalar conta com 35 palhaços, divididos em três projetos, como o pioneiro Alegria, que deu origem ao CTI (Centro de Trapalhadas Intensivas), voltado para adultos, e o pediátrico Sorriso.

“Chegamos ao HGNI com a expectativa de atender as crianças. Só que os adultos também ficaram encantados com o projeto. Com o sucesso do trabalho com palhaços, aumentamos o número de projetos, dos dias de visita e nos adequamos para atender, além dos pacientes, também ao servidor”, contou Paulo Ogg, coordenador da Capelania Hospitalar.
“Oferecemos durante o treinamento alguns cuidados para que o paciente não tenha dificuldades com a proposta que o palhaço apresenta. Então o grau de satisfação com estes resultados é muito grande”, concluiu Paulo Ogg.

A receptividade com os palhaços é tão grande que muitos ficam marcados, principalmente para as crianças. Para a artesã Ana Cláudia Ribeiro, de 49 anos, o vínculo criado é de um amigo especial, que se preocupa com os outros em todos os momentos.

“Uma vez visitamos uma criança, interagimos, brincamos até que ela teve alta. Depois eu mantive contato com a família. No ano passado eu tive um problema de saúde e precisei ficar internada. Eu recebi uma foto dessa criança ajoelhada, orando por mim, porque soube que a palhacinha que ela brincava estava doente", lembrou, emocionada, Ana Cláudia, que dá vida a personagem Ana Rica.

A aposentada Solange Pataro Teixeira, de 64 anos, se surpreendeu com a visita dos palhaços à sua enfermaria. Ela, que está internada há pouco mais de um mês, pôde fugir da realidade hospitalar em um momento de diversão.
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“Para ser sincera eu não esperava por isso. Nunca vi algo parecido na minha vida. Foi surpreendente”, afirmou ela”. “Você esquece os problemas, a sua doença, a situação e foca naquela diversão e nas palavras de esperança oferecidas naquele momento”.

Na enfermaria infantil, a dona de casa Iara de Azevedo, de 27 anos, acompanha a filha Lorena, de 7. Foi impossível não se emocionar ao ver a filha, que se recupera, sorrindo e brincando com os palhaços durante a visita. “Eu fico muito feliz de vê-la sorrir", contou.
Iara lembrou que a menina  esteve duas vezes muito mal e os médicos até falavam que ela sempre deve estar sorrindo, estar alegre." E quando os palhaços chegam, fazem brincadeiras, trazem palavras de fé, ela é só sorrisos”, salientou ela.

Beloka, Ana Rica, Pepita, Miguelito Chiquetoso, Rivotrina, Paçoca e outros palhaços são garantia de diversão, esperança e humanização no HGNI durante o período de internação. E se você tem disponibilidade e quer participar desses projetos, pode buscar informações na Capelania Hospitalar.
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As inscrições são realizadas duas vezes por ano. O interessado vai passar por uma série de capacitações, curso de palhaço, conhecer o ambiente hospitalar para só então estar apto a levar alegria, diversão e muitos sorrisos para os pacientes.