Rio - Para reduzir o número de veículos nas ruas do Centro e diminuir os engarrafamentos, a prefeitura anunciou ontem a alteração de itinerários e paradas de 45 linhas de ônibus na região. As mudanças começarão em 1º de novembro e vão atingir 20 linhas intermunicipais, nove municipais e 16 executivas.
De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes, a medida faz parte de acordo com o Ministério Público em que a prefeitura se comprometeu a realizar mudanças que reorganizem a frota de coletivos para melhorar a fluidez no trânsito da área que vem sofrendo os impactos das obras de revitalização do Centro e da Zona Portuária.
O secretário de transportes, Alexandre Sansão, alegou que foram feitos estudos que mostraram que a maioria dos passageiros dessas linhas desembarca na Presidente Vargas ou se encaminha para a Rio Branco. “Nosso objetivo é de que os ônibus rodem o menos possível nas ruas do Centro e ali (Presidente Vargas) é o ponto de gravidade da região”, disse.
Linhas intermunicipais que fazem ponto final na Rua Augusto Severo, na Glória, e no Passeio Público passam a trafegar pela Presidente Vargas e ter como destino dois terminais que serão instalados na Rua Camerino e na Presidente Vargas, próximo à Candelária. Nesse mesmo local, linhas municipais convencionais, vindas da Zona Oeste, farão ponto final, em substituição ao atual terminal na Avenida Chile. O secretário explicou que os pontos atuais continuarão a existir para as demais linhas que não terão alterações no itinerário.
De acordo com Sansão, o fluxo de carros que passa pela Avenida Presidente Vargas caiu após o fechamento do Mergulhão para a derrubada da Perimetral, o que facilita a implantação dos novos terminais. Além disso, ele alega que os passageiros que desembarcam em locais mais distantes podem pegar outro ônibus utilizando o Bilhete Único. As medidas também atendem às necessidades de expansão das obras de revitalização do Centro, incluindo a implantação dos trilhos do futuro Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT).
Linhas executivas terão alteradas rotas de entrada e saída do Centro
Dezesseis linhas executivas que passam hoje pela Avenida Presidente Antônio Carlos e Rua 1° de Março também terão os trajetos alterados. Os pontos finais no Terminal Menezes Cortes e na Avenida Churchill permanecem, mas o novo caminho será pelas ruas da Assembleia, Carioca e Frei Caneca, ou pelas Avenidas Graça Aranha e Mem de Sá.
As rotas, atualmente, saem do Centro pela Rua Primeiro de Março em direção à Avenida Presidente Vargas. A partir do dia 1º de novembro passarão a usar a Avenida Mém de Sá e a Rua da Carioca. A prefeitura se comprometeu a começar a divulgar as modificações com placas, panfletos e agentes na rua para que os usuários não sejam pegos desprevenidos.
Essa é a terceira mudança nas linhas de ônibus promovida pela Prefeitura neste ano. Em fevereiro, linhas intermunicipais tiveram seus pontos alterados por conta da demolição de parte da Perimetral. Em abril, por conta da implantação da mão dupla na Rio Branco, outras linhas tiveram pontos e trajetos alterados.
As frotas de ônibus executivos foram reforçadas após o início das mudanças no trânsito do Centro devido às obras de derrubada da Perimetral para estimular os motoristas a deixarem os carros em casa e optarem pelo transporte público. O fechamento do primeiro trecho do Elevado da Perimetral ocorreu em novembro do ano passado.
Usuários terão de pegar mais uma condução
Alguns usuários de ônibus já começaram a reclamar ontem mesmo quando souberam das futuras mudanças. A estudante Gabriela Oliveira, de 19 anos, mora em São Gonçalo, e embarca no ponto final da Augusto Severo. Ela conta que, diariamente, vai para a Glória, e disse que o ponto na Presidente Vargas vai obrigá-la a acordar mais cedo e ter que enfrentar mais uma condução. “Vão tirar os ônibus e deixar as pistas livres para os carros. Pequena parte do Centro vai ser atendida e, à noite, vai ser difícil chegar até o novo ponto porque o Centro é perigoso”, alegou.
Novo ponto a quatro quilômetros
Na parada dos ônibus intermunicipais da Rua Teixeira de Freitas, no Passeio Público, passageiros despejaram críticas às mudanças. O ponto vai ser transferido para a Presidente Vargas, quase quatro quilômetros de distância do atual local. O carpinteiro Vagner Soares Pereira, de 32 anos, eram um deles.
“Vai ser horrível para os trabalhadores da região, não dá nem para ir andando daqui até esse novo ponto. Eu, por exemplo, vou ter que pegar um metrô pra Central e depois pegar o ônibus para Duque de Caxias”, lamentou ele. A operadora de câmera Verônica Silva, de 33 anos, também ficou contrariada. “Quem trabalha aqui perto dessa região é que vai sair prejudicado. Não tem sentido isso. Vão colocar ponto na Presidente Vargas, que já está apinhada de gente”, reclamou.
