Por juliana.stefanelli

Rio - O acidente entre um carro e um trem da SuperVia em Gramacho, Duque de Caxias, no dia 5, foi o 75º do tipo na Baixada Fluminense desde 2009. O veículo atravessava a linha férrea pela passagem de nível quando foi atingido.

A concessionária alega que o motorista avançou o sinal. O acidente, que causou interrupção no sistema de trens, é consequência de um problema que parece estar longe de ser resolvido: a circulação de pessoas e veículos pela linha férrea. E que é mais grave na Baixada. Das 40 passagens de nível em linhas administradas pela SuperVia, 36 estão na região.

A empresa admite o problema e anuncia que negocia com o governo do estado o fim de todas as passagens de nível e a construção de muros, passarelas e viadutos. Mas alega que depende de soluções urbanísticas, com desapropriações. E de verbas.

Uma das mais movimentadas passagens de nível é a do Centro de São João de Meriti. Por ela, cruzam diariamente milhares de pedestres e veículos. Lá, além da sinalização, guardas municipais e agentes de trânsito se revezam para controlar o fluxo e evitar avanços de sinal.

Tráfego de pessoas sobre a linha do trem apresenta risco altoODia

Mas nem isso evita acidentes. “Uma mulher morreu atropelada em julho. Ela esperou o trem passar, mas não viu que outro se aproximava na outra linha”, conta Sirleyde Rodrigues, 27 anos, vendedora em uma lanchonete em frente à passagem de nível. 

A Prefeitura de Meriti, em parceria com o governo estadual, enviou ao Ministério das Cidades proposta de trocar, da Pavuna a Belford Roxo, o trem por Veículos Leves sobre Trilhos (VLT). Outra passagem de nível de grande movimento é a de Gramacho, onde houve o acidente do dia 5. Lá, motoristas e motociclistas ignoram a sinalização.

O carpinteiro Fábio dos Santos, 33, que cruza diariamente a passagem</CS> de nível, diz que o desrespeito é rotina.“Quando o sinal toca, eu paro, mas, às vezes, um carro ou uma moto me corta e passa na frente do trem”. A Prefeitura de Caxias informou que está reavaliando projetos antigos para implementá-los. E que buscará recursos para a implantação do que se revelar mais adequado em Gramacho.

Obra parada em Austin

Em Nova Iguaçu, uma placa anuncia há dois anos a construção, em Austin, de um viaduto sobre a linha férrea. A obra é uma parceria entre o governo do estado e a prefeitura, que garante que o projeto já está em execução. 

Mas moradores do bairro dizem que ela foi interrompida há duas semanas. “Fizeram alguns buracos na rua e largaram tudo. Acho que não vou ver este viaduto pronto”, lamenta a vendedora Viviane Rodrigues, 39 anos.

O Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ), responsável pela construção, informou que espera a desapropriação de dois imóveis para a retomada da obra, calculada em R$ 10,7 milhões.


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