Por ramon.tadeu

Rio - O eleitor da Baixada Fluminense está dividido entre votar no candidato de sua preferência ou seguir os ideais de um partido. Meio a meio. É o que mostra pesquisa do Instituto Gerp, realizada entre os dias 20 e 25 de junho, que constatou também que as legendas preferidas na região são o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT).

No resto do estado, o grupo de pessoas que vota em partidos é ainda menor. Apenas três em cada dez eleitores escolhem a legenda em vez de candidato — esses últimos representam 55% dos 870 pesquisados pelo instituto.

O dado foi recebido com surpresa pelo cientista política da Universidade Federal do Rio de Janeiro Paulo Baía. Para ele, o voto na região, nas últimas eleições, foi pragmático, pois “se dirigiu para pessoas que significaram a resolução dos problemas do dia a dia”. Entretanto, diz o pesquisador, pode ser que o levantamento tenha captado uma nova tendência. “Só as eleições vão dizer”, diz.

Outra percepção do levantamento é o desejo da maioria dos eleitores da região pelo voto facultativo (53%) e o desconhecimento sobre o tema: 8% — maior faixa entre todas as outras áreas pesquisadas no estado . “Isso não é muito discutido e há a falta de paciência com a política partidária”, explica Paulo, para quem, no entanto, o país nunca esteve tão politizado e tão crítico ao sistema político.

Raízes populares

O presidente regional do PT no Rio, Washington Quaquá, atribui a preferência à capilaridade do partido junto aos movimentos sociais e às suas raízes populares. A opinião é compartilhada pelo soldador Marcelo de Lima Pedro, 31 anos, que trabalha na Refinaria Duque de Caxias (Reduc). “O PT é muito ligado aos sindicatos”, afirma ele, que vê nisso a explicação para a simpatia partidária. “Mas estou decepcionado como todos. No fundo, só querem ganhar eleição”, conclui.

Já segundo Carlos Lupi, presidente do PDT, a Baixada Fluminense lembra das marcas deixadas pelo o governo de Leonel Brizola na região. “Está na cabeça das pessoas a Linha Vermelha, a duplicação da capacidade de Guandu para o abastecimento de água, a construção dos Cieps. Dessas coisas o povo não esquece”, explica.

Campanha sem dinheiro público

Outra questão observada no levantamento do Instituto Gerp diz respeito ao financiamento das campanhas eleitorais. Para a maior faixa de eleitores pesquisados da Baixada (33%), o financiamento deve ser unicamente privado.

“Não acho justo por dinheiro público”, reclama a estudante universitária Clarissa Nunes, de 19 anos. “Dinheiro público tem que ir para hospitais e escolas”, diz ela.

O cientista político Paulo Baía, no entanto, acha que esse tipo de ideia tem que ser ressalvado. “A politica é necessária como meio de transformação social, não deve ser desprezada”, diz ele. Para Paulo, a insatisfação e os questionamentos devem ser levado em conta de políticos e partidos. “Há uma contradição entre o sistema político e o desejo da população”.

Você pode gostar