Por felipe.carvalho

Desde os protestos de junho de 2013, eventos culturais e manifestações artística se tornaram mais expressivos e ocuparam novos espaços na Baixada. Um exemplo é o Sarau V, realizado a cada semana Praça dos Direitos Humanos, às margens da Via Light, em Nova Iguaçu, e que completa um ano este mês.

Toda terça-feira, a partir das 18h, os frequentadores se reúnem por cinco horas para declamar poesias, cantar, fazer apresentações de teatro e conversar sobre um tema. Em cada encontro, pelo menos 100 pessoas participam.

A principal atração, que pode intimidar os marinheiros de primeira viagem, é o ‘Microfone Aberto’. De acordo com uma das fundadoras do Sarau V, Janaína Tavares, o objetivo é dar voz aos moradores da região.

Ela diz que qualquer um que queira falar, ler, cantar ou declamar pode chegar e pegar o microfone. “Damos espaços para todos se manifestarem e contribuírem para o debate. Já rolaram conversas sobre censura, desmilitarização da PM, futebol e por aí vai”, conta Janaína.

Ela explica também que a ideia é circular com o evento por todos os espaços públicos da cidade. Mas, para isso, afirma, é preciso fortalecer as redes já construídas e conseguir recursos. “Ainda não sabemos se com doações, campanha ou editais nos manteremos a longo prazo”, diz.

Toda terça-feira à noite os frequentadores se reúnem durante cinco horas para declamar poesias e conversarDivulgação

A universitária Francy Martins, de 22 anos, nunca perdeu uma edição depois que conheceu o evento. Ela foi levada na primeira vez por uma amiga. “Gostei e nunca mais parei de ir. É muito libertador”, avalia.

A estudante apoia o evento e diz que, a partir da iniciativa, é possível ocupar espaços públicos com eventos que estimulam o diálogo com as pessoas. “A rua é o lugar que escolhemos, que acolhemos, por proporcionar uma arte democrática, onde qualquer um pode ter acesso”, afirma.

Evento ajuda os ‘artistas inibidos’

De acordo com os organizadores, o Sarau V tem ajudado as pessoas inibidas a se expressarem como também a fazer com que a cultura da Baixada seja reconhecida. Um dos exemplos é a doméstica Maria Santos Coutinho, de 40 anos. Depois de 30 anos sem cantar, ela tomou coragem e se apresentou no meio da rua com a música ‘Não Deixe o Samba Morrer’.

Maria diz que foi uma experiência incrível. “Fiquei um pouco tímida na hora, mas depois tudo fluiu”, conta.

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