Por felipe.carvalho

O aumento do roubo de veículos vai refletir no bolso dos donos de automóveis na hora de pagar o seguro este ano. O preço vai aumentar em 45%. A previsão é da Associação dos Corretores de Seguros da Baixada Fluminense (ACBF) e do Clube dos Corretores de Seguros do Rio de Janeiro (CCS-RJ).

Eles fizeram um estudo com base nos números do Instituto de Segurança Pública (Isp) e constataram aumento de 37%, de abril de 2012 a maio de 2014, nessa modalidade de crime. Segundo a pesquisa, o crescimento está ligado à instalação da UPP do Complexo do Alemão, no Rio.

A cidade mais prejudicada é Duque de Caxias, principalmente em Campos Elíseos, Imbariê e Xerém, com 255 carros roubados em 2012 contra 408 em maio de 2014.

Em seguida vem Nova Iguaçu, com 181 veículos roubados em 2012 e 242, em 2014. Completam a lista, Nilópolis, com 40 roubos em 2012 e 92, em 2014; e Mesquita, que de 21 em 2012, pulou para 65 roubos este ano.

A situação chegou a tal ponto que os presidentes da ACBF, Roberto Cabral, e do CCSRJ, Jayme Torres, bateram à porta da polícia para reivindicar a criação de um batalhão na área e aumentar o efetivo policial em toda a Baixada.

Presidente do Clube de Corretores, Jayme Torres, pediu mais policiamento aos delegados José Mota e Júlio FilhoFabio Gonçalves / Agência O Dia

“Estamos pedindo socorro. O aumento no roubo de veículos vai gerar como consequência um acréscimo no preço do seguro, que já é um dos mais caros do estado. Nosso objetivo é pressionar as autoridades para um policiamento ostensivo, aumento no número de policiais nas ruas e a implantação de Upps aqui na Baixada”, disse Jayme Torres, no debate debate promovido esta semana em um tradicional restaurante de Nova Iguaçu.

‘Não adianta criar batalhão se não tiver PM’

De acordo com o delegado da 52ª DP (Nova Iguaçu), Júlio da Silva Filho, a Baixada se tornou um shopping para os bandidos que atuavam em áreas pacificadas. “É inadmissível que tenhamos que aturar bandidos com fuzis nas ruas incomodando a sociedade. Temos que discutir juntos a solução para esse problema que nos aflige”, disse.

Para o delegado da 59ª DP (Duque de Caxias), José Afonso Mota, o caminho é o aumento do contingente policial. “Ladrão é igual a rato, brota por todos os lados.Não existe mágica. É colocar policiais nas ruas. Não adianta inaugurar batalhão, companhias destacadas e UPPs se não aumentar o efetivo. É igual o cobertor que cobre a cabeça e descobre o pé”, frisou.

Seguradoras propõem criação de comissão

Durante um debate realizado esta semana em Nova Iguaçu, os corretores de seis seguradoras que operam na Baixada — Porto Seguro, Mapfre, Tokio Marine, Marítima, SulAmerica e Bradesco — decidiram criar uma comissão. O objetivo é levar as demandas da categoria às autoridades do estado.

O corretor Marco Antônio, de 40 anos, explica que uma das demandas é em relação ao futuro de sua profissão. “Se continuar do jeito que está, não teremos para quem vender. Um cliente meu pagou R$ 1,368 mil no ano anterior e, na renovação, este ano, a cotação chegou em torno a R$ 4 mil. E, mesmo assim, porque baixei todos meus percentuais de ganho”, revela. Ele ressaltou que ano passado seu escritório registrou oito veículos roubados. Este ano, já foram 15.

Felipe Ribeiro%2C de Nova Iguaçu%2C põe rastreador para renovar o seguroFabio Gonçalves / Agência O Dia

O técnico químico Felipe Ribeiro Rodrigues, de 24 anos, que viu seus pais serem assaltados no Bairro da Luz, em Nova Iguaçu, conta que algumas seguradoras se recusaram a fazer o seu seguro alegando restrição. “Meus pais foram assaltados há um ano na porta do condomínio, e a sorte é que tinham o seguro. Mas está cada vez mais difícil manter um para quem mora aqui em Nova Iguaçu. Eu tenho um Peugeot 2008 e pago R$ 2,5 mil. No ano passado, pagava R$ 1,4 mil”, contou.

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