Por marcelle.bappersi

O dia das mães será com mesa farta e casa cheia na residência de Maria Nazareth dos Santos, de 112 anos. Também pudera! A centenária de Saracuruna, em Duque de Caxias, vai reunir os três filhos ainda vivos (seis morreram), 18 netos, 20 bisnetos e os dois tataranetos para o almoço.

Dona Maria Nazareth vai comemorar hoje seu dia com toda a família reunida em sua casa em SaracurunaEstefan Radovicz / Agência O Dia

A cada encontro, Maria lembra sua vida, suas lutas e vitórias. De origem humilde, nasceu no distrito de Sampaio Corrêa, em Saquarema. Lá, cortava cana até romper o tendão. Com a morte do marido, teve que trabalhar como lavadeira. “Tudo que recebia gastava em comida para a casa, até a gente começar a trabalhar”, lembra o filho mais velho Nei dos Santos, 70.

Há 50 anos, a família se mudou para Saracuruna, onde comprou uma casa, na Vila Uruçaí. O imóvel foi derrubado pela enchente que atingiu a região há cinco anos. “Ela ainda andava, capinava, plantava e criava animais. A vida na roça fez muito bem, por causa da alimentação saudável. A longevidade é de família. Minha vó viveu até os 115 anos”, diz a filha caçula, Leda Santos, 66.

Há dois anos, as pernas não suportaram mais, e Dona Maria passou a usar cadeira de rodas. “Mas está lúcida. Lembra até o horário em que as crianças têm que estudar”, diz a filha Zeni, 77.

A visão um pouco turva e a fala cansada são sinais da idade. Mas se despediu da nossa equipe de reportagem com simpatia. “Vai com Deus. Muito obrigado por terem vindo e voltem sempre”, disse.

Bem menos experiente, moradora de Austin, em Nova Iguaçu, Cristina do Carmo, 32, ganhou um presentão inesquecível de dia das mães. O filho Samuel Galdino teve alta na terça-feira, após ficar internado na Maternidade Mariana Bulhões, por ter nascido com problemas respiratórios. “Não ouvi o choro no parto.

Cristina e o marido%2C Mailton Galdino%2C festejam a alta do filho SamuelDivulgação

Recordei quando tive gêmeos. Nasceram prematuros e não resistiram. Agora, vai ser meu primeiro dia das mães com ele no colo”, vibrou Cristina.

PAIS SUPREM A FALTA DA MÃE NA CRIAÇÃO E EDUCAÇÃO DOS FILHOS

Viúvos se desdobram para dar às crianças carinho e cumprir o papel de mãe

Engana-se quem pensa que hoje é o dia delas, as mães, apenas. Também existem os ‘pães’ — pais que exercem a função de educar e cuidar do filho sem a mulher —, por separação ou morte.

É o caso de Alessandro Mathera, de 38 anos, de Nova Iguaçu, ‘pãe’ de Ágata, de 3, desde a morte da mulher, Ana Maria. Entre as tarefas dele está a escolha do penteado e das roupas da filha. “Estou me saindo bem. A priminha dela me perguntou uma vez: ‘você entende de moda? Porque meu pai sempre me vestiu como espantalho’. Eu ri e encarei como elogio sincero”, diz Mathera.

Desde a morte da esposa%2C Alessandro cuida sozinho de Ágata Divulgação

Segundo ele, as tarefas eram divididas entre o casal, até os 11 meses da filha. “Minha esposa teve crise de diabetes e faleceu dormindo, pouco antes do aniversário de 1 ano da Ágata. Como tudo estava organizado, resolvi atender o desejo dela e não cancelei a festa”, conta.

Para Mathera, “ser pai viúvo tem sua graça”. A principal delas, segundo ele é quando precisa usar o banheiro feminino para trocar a filha. “Enfrento olhares atravessados, mas nunca fui hostilizado”, conta Mathera.

Já o morador de Queimados Vagner dos Santos, 28, ainda está se acostumando. Há três meses, perdeu a mulher, Gleicyanne Leal, vítima de infecção urinária. Ela morreu cinco dias após o parto do filho Bernardo. O bebê, prematuro, está internado com bronquite e pneumonia num hospital de Botafogo, na Zona Sul do Rio. A previsão de alta é para a semana que vem. “Vou me dedicar integralmente, seja trocando fraldas ou dando mamadeira, mas vou precisar da ajuda da família, porque preciso trabalhar”, concluiu.

Vagner já se prepara paraser pai e mãe de BernardoDivulgação

Colaborou: Marcelle Bappersi

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