Etimologicamente, o termo quilombo vem de kilombo e ochilombo da língua africana Ubunto. Quilombos ou mocambos eram comunidades de escravos fugitivos dos engenhos ou de seus senhores. Na Baixada, os engenhos e fazendas tinham poucos escravos. Essas comunidades formavam-se por diversas razões: maus-tratos, perseguições, busca de liberdade nas relações de produção, práticas religiosas e culturais. Buscavam também reviver antigas comunidades da África.
Nas freguesias de Iguassú, o número de escravos entre 1.779 e 1.789 estava assim distribuído: Marapicu, 919; Jacutinga, 2.138; Meriti, 978; Iguassú, 1.219; e Pilar, 1.868. Somava-se o total de 7.122 escravos a uma população livre de 5.932 indivíduos. A população total de Iguassú entre livres e escravos era de 13.054 habitantes.

Em 1.821, foi contabilizada a seguinte população de brancos e negros: Marapicu, 2.494; Jacutinga, 2.426; Meriti 1.568; Iguassú, 2.253; Pilar, 2.414, num total de 11.155 escravos. A população livre somava 7.550, e o total da população era de 18.705.
Em cada uma das freguesias, as terras estavam gotejadas de engenhos, fazendas, casas de farinha, todas com roças e praticando uma policultura que passava pela cana, o milho, o feijão, o arroz, a mandioca e a criação de gado. Esses dados comprovam que não havia em cada uma delas um número grande de escravos que pudessem oferecer perigo para o sistema escravocrata.
Geograficamente, muitas dessas fazendas localizavam-se às margens dos rios e em terrenos salubres. As terras insalubres eram formadas por riachos, brejos, pântanos e mais próximo ao mar com manguezais. Mesmo sendo de difícil acesso, fugitivos adaptaram-se aos terrenos.
Muitas das expedições designadas para dar combate às comunidades quilombolas não lograram êxito, por razões diversas, como relações de conivência com comerciantes, taberneiros, escravos livres, remadores e lavradores. Essas relações sempre prometiam um ganho substancial para a comunidade fugitiva.
A base da sobrevivência nos quilombos de Iguassú era a agricultura de subsistência, com grandes plantações de abóbora e feijão mangalô. A pesca e a caça também eram importantes.
Havia ainda um comércio clandestino envolvendo os escravos de “ganho” e quitandeiras, todos fugitivos. No entanto, é na atividade extrativa de lenha (em principal a madeira dos manguezais) e do comércio triangular, entre escravos, taberneiros e o cais dos mineiros na capital, que serão gerados os recursos para que as comunidades de fugitivos sobrevivessem. Essas relações comerciais garantiam aos quilombos da região do Iguassú uma rede de proteção.