Por thiago.antunes

Rio - Na Taça Guanabara deste ano, a Cabofriense ficou entre os quatro primeiros colocados. Desbancou grandes clubes, como o Botafogo, perdendo apenas para o Flamengo na semifinal. Teve, sem dúvida, o futebol mais vistoso dos times do interior. Motivo de orgulho para Alair Corrêa, de 71 anos, que em 1985 criou o estádio, batizado com seu nome. Foi lá que o time venceu todas as partidas realizadas neste campeonato. Contra os grandes, teve que jogar no vizinho estádio de Macaé, pois o acanhado Correão ainda não comporta público superior a 4 mil pagantes. Mas isso deve mudar.

Para ampliar o estádio e receber jogos de maior magnitude, o prefeito de Cabo Frio anunciou investimento de R$ 25 milhões no Correão, que terá a capacidade quadruplicada. De acordo com Alair Corrêa, o orçamento gira em torno de R$ 2 mil para cada novo assento e as obras devem começar em julho. “A ideia é entregar o estádio reformado no aniversário de 400 anos da cidade, no fim do ano que vem. Esse investimento é muito importante, porque o futebol é um divulgador da cidade”, conta.

Alair Corrêa%2C prefeito pela quarta vez%2C faz embaixadinhas na Praia do Forte%3A desejo de investir mais na CabofrienseDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

O investimento compensa. “Em termos financeiros, para se ter uma ideia, caso quiséssemos fazer propaganda de Cabo Frio na TV aberta, em horário nobre, gastaríamos R$ 700 mil por apenas um minuto de inserção. Quando os jogos da Cabofriense são televisionados, ganhamos 90 minutos de exposição gratuita. E vale lembrar que os jogos também são transmitidos para fora do Brasil”, comenta o prefeito, que quer fortalecer ainda mais o turismo na região. A vontade do prefeito é que o município possa injetar recursos públicos na Cabofriense. Para isso, já enviou um projeto à Câmara dos Vereadores, pedindo autorização para fazer tais investimentos.

Torcedor do tricolor praiano vibra até mesmo sozinho

A paixão pelo clube da Região dos Lagos já rendeu boas histórias ao carpinteiro e pintor de alvenaria Carlos Philipe Freire, de 29 anos. Certa vez, foi o único com as cores verde, vermelho e branco na arquibancada. Mesmo assim, estendeu faixa e bandeira. Nem a ausência de gols no jogo tirou o ânimo do torcedor solitário. A torcida adversária chegou a lhe oferecer refrigerante e salgadinhos.

Fundador e presidente do Movimento Uniformizado Povão (MUP), a torcida organizada da Cabofriense, ele se reúne para festejar com seguidores de outros clubes do interior. Quando o tricolor praiano joga em casa, arquibancada cheia é quase garantia, apoiando o time nos 90 minutos. “O jovem da região vê a Cabofriense como uma porta até mesmo para uma vida sadia, praticando esportes”, comenta Carlos que, fora da cidade, torce pelo Fluminense.

Valdemir Mendes, presidente do clube, tem folha de pagamento de apenas R$ 300 milDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

Na cola dos times grandes

Presidente da Cabofriense desde 2007, ano de fundação do clube, Valdemir Mendes acredita que os clubes do interior devem aproveitar as brechas que os grandes dão no campeonato estadual. “O Botafogo focou mais na Libertadores, melhor para nós. Que seja sempre assim.”

O valor atual pago a todo o time é inferior ao que muitos jogadores de clubes grandes recebem por mês. A folha salarial do time da Região dos Lagos está fixada em R$ 300 mil. O salário dos atletas é pago por patrocinadores, que recebem benefícios da prefeitura para divulgar seus produtos na cidade. 

Reportagem de Paulo Cappelli

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