Por adriano.araujo
Rodado em 1946%2C documentário em preto e branco emocionou públicoReprodução

Rio - Um tesouro audiovisual da Região Serrana, encontrado há nove anos pelo ativista cultural João Carlos Rabello em uma fazenda, tem descortinado aspectos sociais, econômicos e geográficos de São José do Vale do Rio Preto. Rodado entre 1946 e 1948 pela Petrópolis Film, o documentário em 16 mm, preto e branco, mudo mesmo 20 anos após a estreia do cinema sonoro, foi resgatado da completa fossilização pelo processo de restauração capitaneado pelos cineastas Raul Fernando e Débora Butruce.

No título, ‘Miserias e Grandesas de São José do Rio Preto’, agora digitalizado, mantém-se fiel à ortografia da época (sem acento em ‘misérias’ e com um ‘s’ no lugar do ‘z’ em ‘grandezas’) e ao nome do então quinto distrito de Petrópolis, que somente com a emancipação, no fim dos anos 80, incorporou o ‘Vale’.

Filmado pelo cinegrafista Raul Ramos, o documentário registra o esgotamento da lavoura cafeeira, locomotiva da economia local na primeira metade do século passado, e a expectativa de um novo ciclo de crescimento, mediante a implantação da avicultura.

Em duas sessões públicas na cidade, hoje com cerca de 21 mil habitantes (censo IBGE/2013), valeriopretanos de diferentes gerações se emocionaram ao identificar parentes já falecidos e ao reconhecer paisagens apagadas pela memória ou pelas mais de seis décadas de transformações sociais.

“Trata-se de material de uma riqueza histórica incalculável tanto para São José como para o estado”, disse a secretária municipal de Educação e Cultura, Cátia Regina Rento, enfatizando a relevância didática do filme, que será incluído nas escolas, dentro da disciplina História e Geografia da cidade.

“A película estava em estado muito avançado de deterioração. Foi um longo processo, entre Rio, São Paulo e Holanda”, explicou Raul Fernando, de 37 anos, nascido em São José e morador do Rio há 17. O projeto de restauração, vencedor de edital da Secretaria Estadual de Cultura em 2012, contempla a elaboração de 200 cópias em DVD. No dia 1º, o documentário será exibido na nona edição da Mostra de Cinema de Ouro Preto-CineOP, em Minas Gerais. O longa-metragem, de 2h22m, pode ser visto no site www.miseriasegrandesas.com.

Reportagem: Paulo Mauricio Costa

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