Por felipe.martins

Rio - Um grupo de estudantes de quatro escolas públicas de Cabo Frio juntou câmera, luz, algumas ideias e um sonho. Foram para a praça da cidade gravar e agora vão participar da Mostra Geração, o segmento infanto-juvenil do Festival do Rio 2014, que acontece dias 24 de setembro a 8 de outubro, reunindo filmes de mais de 60 países. Produzido por alunos da Escola Municipal José Alves de Macedo, em Nova Friburgo, o vídeo “O reino mágico dos cavalos”, que conta a história de 12 amigos que se aventuram num haras, também foi selecionado. “Ed, o Mosquito”, um curta de alunos do Ensino Fundamental do curso Ambiente Multimídia do Viva Rio Socioambiental, ministrado na Escola Municipal José Ferreira, em Itaboraí, também estará entre os grandes. Foram ao todo 118 filmes inscritos e apenas 51 escolhidos para a mostra.

A presença das produções amadoras dos estudantes em um dos mais importantes festivais de cinema do país é um sinal do crescimento cada vez maior do mercado audiovisual no interior do estado. Nos últimos anos, diversas cidades passaram a atrair produções e sonham em se tornar novos polos de cinema e TV.

Em Resende%2C no Sul Fluminense%2C filmagens de séries de TV e longa-metragens já empregam mão de obra localDivulgação

É o caso de Resende, onde é produzida a série de TV “República de Férias”, veiculada numa emissora local, e está sendo rodado o longa “Fantasia do Brasil”, uma produção independente que usa mão de obra local, como eletricistas, iluminadores, motoristas e auxiliares.

“A cidade tem uma beleza impressionante e usamos muitos elementos locais no roteiro. Além do clima agradável, dos incontáveis rios, cachoeiras e vilas bucólicas, a situação geográfica do centro urbano de Resende permite várias oportunidades como, por exemplo, dar ênfase às fazendas de café”, conta o paulistano Fernando Azuis, de 43 anos, produtor de “Fantasia do Brasil”.

Em Barra do Piraí, onde foi criado um Polo Audiovisual em 2010, o clima também é de otimismo. “Com certeza o cinema está em pleno desenvolvimento no interior. Há dez anos, não se via muita produção na nossa cidade. Hoje em dia, com os novos incentivos do governo nesses projetos, estamos crescendo. Os jovens do projeto serão os cineastas do futuro”, diz o cineasta Rodrigo Ferreira, um dos representantes do polo, voltado a atrair produções para a cidade, qualificar mão de obra, formar plateia e gerar conhecimento.


Atividade se concentra na capital

A cadeia produtiva do setor audiovisual, que inclui produtoras e distribuidoras, gera boas oportunidades de emprego e negócios. No país, o setor faturou cerca de R$ 210 milhões em 2013. Só no Estado do Rio, a concentração chega a 58%.

De acordo com a Secretaria Estadual de Cultura, o mercado audiovisual ainda é bem concentrado na cidade do Rio. Entre 2012 e 2013, somados editais e prêmios para o setor, foram investidos mais de R$ 20 milhões em 209 produções do estado, selecionadas por meio de diversos editais. Além disso, a Lei Estadual de Incentivo à Cultura adicionou mais R$ 60 milhões de investimento em 239 projetos. Do total, apenas R$ 600 mil foram investidos em projetos no interior.


‘Foi uma experiência mágica’

Nos curtas rodados nas escolas municipais de Cabo Frio, todo o processo de produção, filmagem e roteiro é feito pelos alunos, com orientação de professores. “Uma coisa engraçada é que eles não queriam produção, só queriam ser atores, todos queriam aparecer. Foi uma experiência mágica e eles aprenderam muito”, disse a professora Jaque Godinho, da Escola Municipal Professor Zélio Jotha, sobre o desempenho dos alunos na produção de ‘Uma Partida de Futebol’.

Movidos pela vontade de brilhar, alunos da Escola Professor Edilson Duarte produziram ‘Nem Nem, Tô Fora!’; os do Colégio Professora Elza Maria Santa Rosa Bernardo, ‘Indianismo’ e no Colégio Rui Barbosa, o curta ‘Simples Evasão’.

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