Rio - Para tentar reduzir os impactos da seca que já compromete o abastecimento de residências, postos de saúde e escolas, o município de São João da Barra, no Norte Fluminense, anunciou ontem a dragagem de 400 metros de um canal do Rio Paraíba do Sul. Em caráter emergencial, a medida pretende melhorar a vazão no ponto de captação de água e reduzir o nível de salinização cada vez mais acelerado na foz do rio.
Chamado de “língua salina”, o fenômeno é causado pela invasão do rio pelo mar, com o agravamento da estiagem, que levou o Paraíba ao nível mais baixo dos últimos 80 anos. Com isso, a água que chega às torneiras é salgada, imprópria para consumo humano.

Um acordo assinado entre prefeitura, Instituto Estadual de Ambiente (Inea) e a empresa Prumo Logística — ex-LLX, de Eike Batista, que opera o Porto do Açu — garantiu a obra, que deve conmeçar na próxima semana. A previsão é que o trabalho seja concluído em 45 dias. “Esta intervenção vai garantir que o curso do rio volte ao normal. Devido ao assoreamento neste trecho, o fluxo da água estava sendo desviado para um braço do Paraíba, comprometendo a captação e permitindo o avanço da língua salina”, explica o secretário municipal de Meio Ambiente e Serviços Públicos, Marcos Sá.
Segundo ele, a situação inviabilizou a captação e o fornecimento de água por parte da Cedae e levou a prefeitura a utilizar carros pipa para garantir o abastecimento em unidades de saúde, creches, escolas e demais repartições públicas. A água dos carros pipa vem de poços artesianos de outras áreas do município. Para facilitar o acesso da população à água potável, também são distribuídas caixas d’água comunitárias, abastecidas por carros pipa. A prefeitura não informou quantas famílias estão sofrendo com o problema, nem os prejuízos somados até o momento.
Água do mar como saída
Uma das alternativas à crise mundial da água, empregada em diversos países, o processo de dessalinização da água do mar já começa a ser discutido no Rio, como forma de enfrentar a escassez no futuro. Projeto de lei apresentado ontem na Assembleia Legislativa (Alerj) propõe a criação do Programa Água Potável, que prevê a retirada do sal e impurezas da água, tornando-a doce e própria para o consumo.
A iniciativa, dos deputados estaduais Wagner Montes e Dica, estabelece que, diante da ameaça de falta de água prolongada, o estado promova investimentos em estudos para desenvolver tecnologias e métodos de baixo custo. Como O DIA mostrou nesta quinta, o secretário estadual de Ambiente, Carlos Portinho, informou que o governo do Rio já analisa a viabilidade da alternativa.