Por thiago.antunes
Rio - Cidades do Norte e Noroeste do estado estão cada vez mais ameaçadas de falta de água. Por causa da baixa quantidade de chuvas, o volume morto do reservatório do Funil, em Resende, no Sul Fluminense, vai ser usado para garantir o abastecimento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Medição feita em Campos mostra o nível baixo do Paraíba do SulDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

A água do reservatório é utilizada para regular o nível do Rio Paraíba do Sul, que já está abaixo do nível normal nas cidades do Noroeste e do Norte do estado, como em Campos. O volume morto de água fica abaixo das comportas e só é usado em casos extremos. O diretor do Comitê do Baixo Paraíba, João Siqueira, disse que o volume morto só não será usado se chover mais do que a média dos anos anteriores nos meses de janeiro e fevereiro.

Segundo ele, a Agência Nacional de Águas (ANA) já autorizou a redução da vazão para o rio. “Como esse caso é muito preocupante, o volume morto vai ser usado pela primeira vez. No fim de 2013, o reservatório estava com a cota de 40%. No dia 30 de dezembro, medição verificou que está com 2,1%. A quantidade de chuva de 2014 não foi suficiente”, disse Siqueira.
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O normal é que sejam liberados 250 mil litros por segundo do Funil para o Rio Paraíba do Sul. Com a baixa, apenas 160 mil litros por segundo são repassados. Outro problema, de acordo com Siqueira, é que o Funil fica antes da Barragem de Santa Cecília, onde a água é bombeada para o Rio Guandu, que abastece a Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
“Um terço do volume vem para o Norte e Nordeste do estado e dois terços para a capital. Quando o reservatório chega a zero, diminui a vazão para os reservatórios. São duas adversidades, uma pela redução da vazão e outro pela transposição para o Guandu”, frisou. Segundo ele, se o bombeamento continuar, o rio vai secar no Norte e Noroeste. “Tem que diminuir a ação porque, daqui a pouco, vamos ter que fazer racionamento de água”, disse.
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O secretário de Defesa Civil de Campos, Henrique Oliveira, cobrou estudo mais detalhado sobre a situação para evitar prejuízos à população. “Não há como ter menos água. Esta época do ano, o rio deveria estar com a cota 10 e está trabalhando com 5. Se continuar assim, teremos falta d’água em breve”, previu.
Falta de luz é agravante
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O coordenador de Defesa Civil de São João da Barra, Adriano Assis, afirmou que há risco de a situação na cidade ficar pior porque, além da queda do nível do Rio Paraíba do Sul, problemas no abastecimento de energia elétrica afetam a distribuição da água. “Picos de energia começaram há dois dias. A subestação não está conseguindo suprir o volume necessário.”
Assis disse ainda que, sem energia, as bombas para abastecer a cidade com água estão desligadas.
A assessoria de imprensa da Águas do Paraíba informou que toda a regulação é feita pela Agência Nacional de Águas (ANA) em acordo com o Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul. Segundo a empresa, na cidade de Campos não há problemas.
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Já a assessoria da ANA alega que ainda negocia com o ONS e a Aneel, as operadoras dos reservatórios do Paraíba do Sul e os estados que dividem a bacia do rio os critérios de uso do volume morto. “Vamos analisar todos os aspectos. Enquanto isso, está sendo usado o volume útil do rio”.
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