Por thiago.antunes
Rio - Gilson Tavares, de 52 anos, é produtor de milho desde criança. Morador de Italva, no Norte Fluminense, e dono de uma fazenda de oito hectares (equivalente a oito campos de futebol), ele vem passando por grandes dificuldades por causa da estiagem que castiga a região há pelo menos oito meses e fez secar o Rio Muriaé, um dos principais afluentes do Rio Paraíba do Sul.
“Das 80 sacas de milho da minha última plantação, sobraram apenas três. Cada uma tem 140 espigas de milho. Meu prejuízo foi de mais de R$ 5 mil de investimento e de lucro é incalculável”, afirmou Gilson, que produz e vende papas feitas do alimento. “Vendo a R$ 4 cada papa. Antigamente eram 1.500, agora se eu conseguir fazer 300 dou graças a Deus”, concluiu.
Produtor de milho%2C Gilson contabiliza perdas%3A esperança de melhoriaDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

Gilson está esperançoso. Ele é um dos cerca de 13 mil produtores das regiões Norte e Noroeste fluminense e parte da Serrana que devem se beneficiar do programa Rio Rural Emergencial, lançado ontem em Italva. O conjunto de ações para o enfrentamento dos efeitos da seca conta com R$ 53 milhões, sendo R$ 30 milhões do Banco Mundial e o restante do governo do estado. Pouco diante do tamanho do prejuízo.

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Levantamento da Emater-Rio revela que o estado já perdeu mais de R$ 150 milhões com a estiagem. O município que mais está sofrendo na fruticultura do Norte Fluminense é Conceição de Macabu —o prejuízo já chega a mais de R$ 1 milhão. Já em cabeças de gado, os produtores de São Fidélis, no Norte Fluminense, são os que mais somam perdas — mais de R$ 1 milhão. Em Italva, a produção de leite perdida passa de dois milhões de litros, um prejuízo de mais de R$ 2 milhões.
O programa prevê abertura de poços artesianos coletivos e sistemas de nutrição para os rebanhos. “Essas iniciativas vão nos ajudar a enfrentar esse momento difícil”, disse o governador Luiz Fernando Pezão, ao lado do representante do Banco Mundial, Gregor Worf. Eles acionaram a bomba de ligação do primeiro poço aberto pelo programa, que vai atender a oito famílias de um assentamento rural.
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