Por felipe.martins

Rio - Construído há mais de quatro décadas para escoar resíduos de barrilha (produto químico) no mar, o aqueduto da Álcalis, abandonado há mais de 20 anos, está no centro de uma polêmica em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos. Por oferecer risco à segurança de moradores, motoristas e pedestres, a estrutura deve ser colocada abaixo o quanto antes, como determinou ação judicial movida pelo Ministério Público do Estado (MPRJ). A implosão chegou a ser marcada para o último domingo (22) e moradores começaram a se preparar para deixar suas casas, mas o trabalho foi suspenso por irregularidades no processo licitatório.

Construído há mais de 45 anos e abandonado há 20%2C canal está enferrujado e representa riscos a moradoresDaniel Castelo Branco

Depois de uma semana de impasse, a prefeitura decidiu nesta sexta-feira anular a licitação, adiando mais uma vez a data da demolição. Selecionada no processo aberto pelo município, quem deveria realizar a implosão era a Dinamita Detonações e Transportes Ltda. Porém, a empresa não entregou o registro do Conselho Regional de Engenharia e Agronimia (CREA-RJ) no ato da licitação, e nem depois. Foi então que o prefeito Wanderson Cardoso de Brito (PMDB), o Andinho, decidiu anular o procedimento.

No último dia 18, agentes da Defesa Civil estiveram no local para notificar os moradores, vistoriar as residências próximas e distribuir panfletos informativos, inclusive nos condomínios da Praia Grande. Dois dias depois, a prefeitura informava que o processo estava suspenso para que a empresa apresentasse as documentações legais.

Segundo a Secretaria Municipal de Obras, o mesmo plano que seria executado na última data servirá para a próxima. Uma área de 200 metros será isolada para a implosão do aqueduto, que tem 70 metros de estrutura e pesa 15 toneladas. O custo da ação, segundo a pasta, está estimado em R$ 485 mil.

Segundo o MP, o objetivo da ação é evitar a iminência de acidentes à vida de pessoas que transitam no local, bem como a segurança viária e a propriedade dos cidadãos residentes nas proximidades. O aqueduto oferece risco diário para as pessoas que passam pela Estrada da Rebeche, na região da Praia Grande. Uma moradora do local disse ao DIA que teme que a queda da estrutura cause grandes problemas no local.

“Do jeito que está é risco certo, está tudo enferrujado. Para passar de carro embaixo e cair, pouco custa. Além disso, tem muitas casas, um posto de combustível e, um pouco acima, uma creche. Acho que até a detonação oferece risco. Pode afetar as pessoas mais humildes, está bem perto da gente”, disse a aposentada Maria do Rosário, 56 anos.

Outro foi ao chão em 2009

Outro aqueduto, localizado na RJ-140, na altura da Prainha, foi implodido em agosto de 2009, após ação do MPRJ contra o Departamento de Estrada e Rodagem do Estado do Rio de Janeiro (DER-RJ), a prefeitura e a Álcalis. Com a desativação, os aquedutos estavam em estado de deteriorização, com vários pontos enferrujados. No caso do aqueduto da Prainha, chegaram a colocar vigas de madeira para sustentar o concreto que estava cedendo, correndo o risco de provocar acidentes.

Para a nova implosão, além de profissional credenciado pelo Crea-RJ, o edital exigia autorização do Ministério do Exército e atestado de visita para conhecer o serviço a ser executado. A CEG exigiu uma proteção adicional para o posto de gasolina próximo da área. A reportagem tentou entrar em contato com a Dinamita Detonações e Transportes Ltda, mas não obteve sucesso.

Reportagem de Vinícius Amparo

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