Por nicolas.satriano

Rio - A Prefeitura de Paraty, na Costa Verde, acredita que o atentado ao prefeito Carlos José Gama Miranda (PT), de 44 anos, na noite de terça-feira, tenha sido articulado por rivais políticos. Hoje, representantes do município se reunirão com o governador Luiz Fernando Pezão para cobrar reforços na segurança da cidade, que vem sofrendo uma onda de violência.

Após ser atingido de raspão na cabeça por um tiro quando deixava a prefeitura, Casé recebeu os primeiros socorros no Hospital Municipal São Pedro de Alcântara, antes de ser levado para o Hospital Geral de Japuíba, em Angra dos Reis. Até a noite de ontem, ele permanecia internado, em estado estável, com atividades normais de fala. Ainda não há previsão de alta, informou o hospital.

No local, também permanece internado, em estado estável, o assessor e primo do prefeito, Sérgio José Miranda Silva, atingido de raspão também na cabeça, quando acompanhava Casé. Ambos foram alvejados por um motociclista, que fugiu após efetuar os disparos. A assessoria da Polícia Civil informou que testemunhas estão sendo ouvidas e câmeras de segurança foram analisadas para identificar o suspeito. A prefeitura divulgou um vídeo ontem à noite que mostra o momento exato do atentado.

Com 39 mil habitantes, Paraty ocupa a terceira posição entre os municípios do estado no Mapa da Violência. Conforme O DIA publicou no domingo, nos últimos 20 anos, 42 políticos foram executados no Estado do Rio. Na lista estão ex-prefeitos, um prefeito, vereadores, ex-vereadores, um ex-deputado e candidatos a cargos públicos.

Em seu segundo mandato%2C Casé%2C do PT%2C foi atingido por um tiro de raspão na cabeça%2C junto com assessorDaniel Castelo Branco / Arquivo Agência O Dia

No mesmo dia do atentado, segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, diversos cartazes com dizeres como “Nada mudou, não reeleja ninguém”, e “Ministério Público, nosso IPTU não está aqui” foram colados próximo a outdoors da prefeitura. Eles teriam sido afixados por adversários políticos.

“O Carlos José está atuando em mudanças em relação ao passado de Paraty. Estamos trabalhando na infraestrutura pública, crescendo na opinião pública, e isso está incomodando antigos grupos políticos”, afirmou o coordenador de comunicação do comunípio, Paulo Abreu.

Ele também relatou a dificuldade em conter a criminalidade na cidade: “Depois do episódio do Carnaval (quando uma pessoa morreu outras nove ficaram feridas em um tiroteio), reivindicamos um aparato de segurança ao governo do estado. Mas foi perdendo o fôlego. Agora, uma comissão vai cobrar o cumprimento do acordo.”

Moradores criam "contador de homicídios" nas redes sociais

A atentado surpreendeu os moradores em um dos períodos mais festivos do ano, durante a Festa do Divino, que vai até o próximo domingo. Todo ano, a cidade recebe centenas de turistas para a comemoração. Para os moradores, porém, a violência se tornou algo comum em qualquer parte do ano. Eles chegaram a criar, nas redes sociais, uma página chamada ‘Contador de Homicídios de Paraty’, relatando episódios de roubos e assassinatos na cidade.

“O ano de 2014 foi um dos mais tristes da história de Paraty. Perdemos dezenas de jovens pelas mãos da violência brutal, realidade que nos enfraquece”, diz uma das publicações da página.

Morador há 20 anos de Paraty, o comerciante Carlos Levy, de 58 anos, não encontra mais a tranquilidade de outros tempos. “Antigamente dava para deixava a porta de casa aberta. O tráfico cresceu e hoje todos conhecem uma história de violência. É triste par um lugar tão bonito e turístico”, afirmou.

Reportagem de Lucas Gayoso

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