Rio - Mais um escândalo na gestão do prefeito de Itaguaí Luciano Mota (sem partido), afastado do cargo pela Justiça. Conforme ‘O Dia Baixada’ publicou ontem, a receita dos cemitérios municipais — São Francisco Xavier, Padre Cezare Vigezzi (Sase) e Carioca — ia diretamente para o ex-diretor de Assuntos Funerários Celso Marciel de Oliveira. O procurador do município Emídio Jorge Martuscello Coutinho denuncia que o esquema tinha o aval de Mota e de três ex-secretários de Obras.

De acordo com o procurador, no ano passado foram arrecadados apenas R$ 507 em serviços funerários. Ao prestar esclarecimentos na Procuradoria, o servidor confessou que recebia em mãos os pagamentos dos serviços funerários e que usava a verba “para comprar água, uniformes e para fazer a manutenção dos cemitérios.”
No depoimento a que O DIA teve acesso, Oliveira disse que “15% dos sepultamentos eram isentos após telefonemas de políticos aliados.” Ainda segundo o ex-diretor, os serviços eram arquivados em computador, e ele mesmo mandava confeccionar recibos com timbre oficial da prefeitura em uma gráfica local.
Oliveira revelou ainda que priorizava sepultamentos de moradores de outras cidades, com a autorização de Luciano Mota. “Enquanto uma gaveta no cemitério do Sase custa R$ 479, o serviço no Rio não sai por menos de R$ 1,7 mil. Imagino que priorizavam gente de fora para fazer caixa”, acredita Coutinho. Segundo o procurador, atualmente os enterros são feitos mediante o pagamento de uma guia da prefeitura. A prestação de contas sobre a receita é exigida no primeiro dia útil do mês.

O prefeito em exercício, Weslei Pereira (sem partido), afirmou que encaminhará o caso à Promotoria de Tutela Coletiva de Angra dos Reis. “São tantas anomalias que estamos encontrando e essa foi apenas mais uma delas. Como pode a receita dos funerais realizados em Itaguaí não ser recolhida? E tem mais: descobrimos a existência de uma funerária do Rio de Janeiro que usava os cemitérios de Itaguaí para enterrar seus corpos, o que não é permitido por lei”.
Procurado, Luciano Mota não retornou às ligações.
Greve de garis chega ao fim após 15 dias
Após 15 dias em greve, os garis de Itaguaí devem voltar ao trabalho hoje, já que o prefeito em exercício Weslei Pereira (sem partido) fez um acordo com a categoria na última sexta-feira e pagou o salário de abril, além do FGTS e do INSS, em atraso.
De acordo com Weslei, a empresa que fazia o trabalho de coleta de lixo, a Tristar, paralisou os serviços quando seu pagamento foi interrompido devido às irregularidades encontradas durante a administração de Luciano Mota, prefeito afastado. “Como a prefeitura poderia continar pagando por um serviço cujo contrato estava irregular?”, questiona.
Ele informou que precisou fazer uma auditoria em todos os contratos vigentes na antiga administração e suspendeu os pagamentos. Foi quando os garis resolveram entrar em greve, pois a empresa não pagou o que devia aos trabalhadores.