Rio - O ministro da Saúde, Arthur Chioro, anunciou nesta segunda-feira (25), em Volta Redonda, que o governo federal vai arcar com 70% do custeio do Hospital Regional do Médio Paraíba Zilda Arns, previsto para ser inaugurado em dezembro deste ano. “O Ministério da Saúde vai custear 70% do funcionamento do hospital, podem contar com esses recursos”, assegurou o ministro.
Chioro vistoriou as obras ao lado do governador Luiz Fernando Pezão, e de prefeitos de 12 municípios da região, que integram o Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Paraíba (Cismepa). Parceria com a Prefeitura de Volta Redonda, o hospital, localizado às margens da Rodovia Presidente Dutra, está com 82% das obras concluídas. A unidade vai atender 12 municípios e 2 milhões de pessoas, com expectativa de que sejam realizadas 7,8 mil consultas por mês.
"Esse complexo hospitalar é um sonho para essa região e, apesar da crise econômica que o estado e os municípios estão vivendo, vamos fazer de tudo para colocá-lo em funcionamento", afirmou o governador. Serão 229 leitos, sendo 132 de internação e 97 de UTI, e está previsto atendimento referenciado em diversas áreas.
Pezão destacou que os pacientes que precisam de tratamento de alta complexidade têm que se deslocar para o Rio, São Paulo ou Belo Horizonte, mas citou que os municípios atualmente já gastam quase 30% do orçamento com Saúde, o dobro da obrigação constitucional de 15%, e não podem arcar sozinhos com a manutenção da unidade.
Consórcio diz que gasto será de R$ 15,5 milhões mensais
A construção da unidade está orçada em R$ 70,9 milhões. Mais R$ 50 milhões deverão ser investidos em equipamentos, totalizando R$ 120 milhões. O prefeito de Piraí e presidente do Cismepa, Luiz Antônio da Silva Neves, disse ao ministro que os municípios já gastam 27,89% do orçamento com Saúde, e não terão como arcar com o custeio do novo hospital, que deve girar em torno de R$ 15,5 milhões mensais.
"Nenhum hospital é inaugurado totalmente, mas por etapas. E vamos fazer isto, se o custo for de R$ 3 mil mensais, R$ 8 mil mensais, 70% dos custos serão do Ministério da Saúde. Vamos sentar em um grupo de trabalho e construir essa proposta juntos”, frisou o ministro, que visitou uma enfermaria já montada no hospital e o setor de Pediatria, que está em fase de acabamento.
Além de garantir a maior parte dos recursos para a manutenção do hospital, o ministro Chioro se comprometeu a criar um grupo de trabalho com técnicos do ministério, secretarias estadual e municipais de Saúde para avaliar a melhor forma de administrar a unidade.
Ele disse que a primeira reunião de trabalho do grupo deve ser em Volta Redonda, para definir um cronograma de liberação de recursos. "Nós vamos trabalhar juntos para definir quanto vai custar o hospital. Ainda faltam os recursos dos equipamentos. A manutenção do hospital também vai exigir um trabalho conjunto dos governos federal, estadual e municipais", disse o ministro.
Economia nas obras
De acordo com o prefeito de Volta Redonda, Francisco Neto, todas as obras têm sido feitas com financiamento do governo do estado. "O município de Volta Redonda doou o terreno de 54 mil metros quadrados, fez uma contrapartida de R$ 554 mil e os projetos das obras”, apontou. Ele ressaltou a economia feita na obra, já que o metro quadrado em construção de hospitais tem um preço médio de R$ 6 mil e que o Hospital Regional está sendo construído por cerca de R$ 2,7 mil o metro quadrado.
O presidente do consórcio e prefeito de Piraí destacou que o hospital é de extrema importância para a região e que vai complementar o atendimento básico que é feito pelas prefeituras. "O hospital vai complementar o atendimento já prestado nas unidades de atenção básica existentes na região. Ele será de extrema importância para casos mais graves nesses 12 municípios", ressaltou Luiz Antônio.
O secretário estadual de Saúde, Felipe Peixoto, disse que o apoio do Ministério da Saúde vai ser muito importante para o serviço que o hospital poderá oferecer. "É uma unidade de atendimento referenciado em neurocirurgia, traumato-ortopedia e oftalmologia, além de transplantes de córneas e rins e cirurgias bariátricas. Vamos continuar trabalhando para fortalecer parcerias como essa", comentou.
Corte de R$ 11 bilhões na saúde
Chioro destacou que apesar do corte de R$ 11 bilhões na sua pasta, o Ministério terá R$ 3,1 bilhões a mais no orçamento federal e vai pagar todos os programas federais colocados em prática com os municípios e estados. “Cada estado vai falar para o governo federal quais são as prioridades. É o secretário estadual do Rio, Felipe Peixoto, que vai dizer as prioridades para que os recursos sejam depositados, porque os recursos chegarão. Vamos pagar inclusive os retroativos”, esclareceu o ministro.
Pezão falou sobre a falta de recursos para a saúde no país. “Sei das dificuldades (com os cortes de verba do governo federal), mas é preciso que todos juntos discutam o financiamento da Saúde para encontrar soluções criativas. Tudo que se faz pela Saúde é pouco, porque cada vez mais são exames sofisticados, remédios mais caros. As pessoas dos planos de saúde estão vindo para o SUS (Sistema Único de Saúde)", disse o governador.
Segundo ele, a saúde perdeu os recursos de R$ 50 a R$ 60 bilhões do CPMF e nada foi criado para garantir mais receita. "Acredito que se este recurso do CPMF tivesse sido compartilhado para os estados e municípios não teria acabado. Há agora o royalties do petróleo para a Saúde, que esperamos que haja a distribuição. Eu tenho muito medo de ver os fundos sendo criados e não ver os recursos compartilhados”, afirmou Pezão.
Policlínica em estádio
O ministro assistiu a ainda um vídeo sobre a Policlínica da Saúde Bernardino de Souza, que funciona no Estádio da Cidadania Raulino de Oliveira, em Volta Redonda. Chioro ficou muito interessado na proposta de utilizar um estádio de futebol para disponibilizar serviços de Saúde para a população e disse que mandará a sua equipe visitar a policlínica.
Chioro, que é médico, lembrou que já atuou como secretário municipal de Saúde por nove anos, tendo a sua origem política ligada à municipalidade. Ele elogiou o trabalho que está sendo feito em Volta Redonda, citando-o como exemplo para o país na saúde pública.