Por thiago.antunes

Rio - Neste Dia das Crianças, é importante rever a lapidar mensagem que o Comitê do Nobel na Noruega — cabe à Suécia indicar os vencedores das categorias científicas e literária — transmitiu ao conceder a medalha da Paz a Kailash Satyarthi e a Malala Yousafzai. Os ativistas receberão a comenda “pela sua luta contra a discriminação das crianças e jovens e pelo direito destes à educação”.

A jovem paquistanesa ganhara as manchetes ao ser brutalmente agredida pelo regime talibã em 2012, tão-somente porque quis estudar, fazendo do ataque uma bandeira mundial. O indiano foi lembrado pela sua incansável cruzada contra o trabalho infantil — só em seu país 80 mil foram salvas graças ao seu esforço. Causas que encontram paralelo no mundo todo.

Satyarthi afirma que o trabalho infantil perpetua a pobreza, o desemprego e o analfabetismo, lançando gerações inteiras num vácuo de cidadania e miséria. Aí está outro ponto em comum com a causa de Malala: o direito a uma formação digna. No Brasil, ainda que em menor grau, existem crianças, a maioria de meninas, submetidas a jornadas desgastantes e degradantes.

E a renda das famílias é um indicativo da necessidade dessa exploração, como observado pelo DIA há um mês: um décimo das garotas entre 6 e 14 anos admitiu já ter trabalhado, sobretudo em serviços domésticos fora de casa. Não basta, portanto, enfurnar gente em escola e achar que se resolveu a questão — que envolve ensino integral, novas pedagogias em sala, ensino técnico e capacitação.

Há, ainda, recado subliminar neste Nobel. Ao premiarem-se uma paquistanesa e um indiano, prega-se a paz em todos os sentidos — Índia e Paquistão cultivam pinimbas em sua fronteira comum há anos. A infância não pode ser completa em nações mergulhadas em conflitos ou tiranias. O Nobel, láurea mais conceituada que se tem notícia, costuma agir com justiça, e volta a fazê-lo, reconhecendo dois ícones na defesa dos direitos dos jovens.

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