Por thiago.antunes

Rio - Aécio ou Dilma? Seguindo a ordem alfabética, seria ele, mas estamos às voltas com mil e um critérios para escolher quem assumirá o governo deste país desgovernado. As escolhas partem dos mais diversos pressupostos, e também podemos optar entre os dois gêneros: presidente ou presidenta? Os resultados do pleito para o Congresso agradaram a alguns. A outros, nem tanto. Não só agradaram como revelaram uma maioria de brasileiros conservadores, elegendo certos candidatos que seguem uma linha reacionária. Não revelo nomes, não se faz necessário.

Na disputa presidencial, fora da ordem alfabética, vem ela, nossa conhecida de anos no poder junto com seu partido. A política é a de sempre, e o ano de 2015 será barra-pesada, todos já sabemos, não importa quem assuma a Presidência. A maquiagem não é definitiva, vai caindo. Acabar com a corrupção, infelizmente, não depende do candidato eleito. Nenhum dos dois é médico, corrupção é doença endógena, tem ganho secundário, e nenhum dos dois, portanto, pode curá-la. Ela significa bolso cheio de dinheiro, vida boa, mas com risco, risco que vale a pena, isso todos sabemos, eles também. O ganho é alto, e vale o risco!

Mas somos forçados a escolher um dos dois candidatos. Não é escolha, é opção imposta frente ao resultado das urnas. Votaremos em um para inviabilizar o outro, não porque queremos ele ou ela lá. Para alguns, é falta de opção, imposição que deixa uma sensação de que tanto faz. Fazer mudar é complicado, anda tudo corrompido e parece que só muda de nome o plantão presidencial. Governar depende do Congresso, portanto, fazer negócios com outros partidos. O já eleito é conservador, as minorias, ao que tudo indica, vão sofrer expectativas frustradas.

Voltemos à peleja: Aécio ou Dilma? A questão não é escolher entre ambos ou o partido de cada um. Governar é leiloar cargos e poderes em consequência dos apoios mútuos. São todos políticos, mais que isso, negociantes do poder. Pensemos: quem apoia alguém sem pensar em ganho no futuro? Não estamos lidando com idealistas nem patriotas, não cabe ilusão aqui.

Assistimos nesse momento a um grande balcão de negócios entre candidatos e partidos. Os que perderam negociam os votos recebidos como moeda de troca, como patrimônio. Um cheque ao portador que pode ser transferido de titularidade à mercê de seus interesses, não dos nossos.

O adversário do passado é, nesse jogo, o aliado do presente, do candidato que foi adversário do seu passado. Juntos agora pretendem derrubar quem já foi adversário do passado de ambos. Confuso o jogo de palavras? Com certeza, mas é assim que funciona, parece que dá no mesmo e todos são politicamente iguais. Esse é o jogo, é o modo de fazer política, negociar poderes.

Nesse balaio, claro, vêm as trocas futuras de favores. Ninguém apoia ninguém pelo povo, com certeza, por interesse próprio. É um grande mercado de investimentos. Negociam nosso destino e o futuro das nossas vidas a céu aberto, em nome do Brasil, da política, dos seus interesses pessoais. Não por nós, brasileiros.

Fernando Scarpa é psicanalista

Você pode gostar